São Paulo, sábado, 10 de setembro de 2011

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Escritor não deve pensar em filme, diz Levy

Autor francês falará na Bienal do Livro do Rio sobre a transposição de livro para a tela

RODRIGO RÖTZSCH
DO RIO

Chamado de "Dan Brown francês", por ter desbancado o autor de "O Código da Vinci" do topo da lista dos mais vendidos, e de "Paulo Coelho francês", por emular o estilo de mensagens edificantes do escritor brasileiro, Marc Levy vem pela segunda vez ao Brasil para participar amanhã do encerramento da Bienal do Livro do Rio.
O autor de "E se Fosse Verdade", que virou comédia romântica de Hollywood protagonizada por Reese Witherspoon e produzida por Steven Spielberg, falará na Bienal sobre a transposição de uma história do papel para a tela.
"O que torna um filme próximo a um livro não é se ele reproduz a história ou não, mas se o personagem do filme reflete o do livro. Isso não aconteceu em "E se Fosse Verdade", mas eu me diverti muito vendo o filme, uma comêdia romântica interessante. Não era exatamente o meu livro, mas isso não me incomoda", disse ele à Folha.
Levy, 49, já teve dois outros livros transformados em filmes, na França. Mas diz que não pode pensar na versão cinematográfica ao escrever.
"Uma das grandes coisas sobre escrever livros é sua liberdade. Quando você escreve que mil navios estão deixando o porto de Alexandria, isso não tem custo nenhum. Num roteiro, se você escreve isso, já perdeu seu produtor", afirma Levy.
"A última coisa que um escritor deveria fazer é pensar no seu livro como um filme, porque isso o inibiria profundamente."
Levy está lançando no Brasil "Tudo Aquilo que Nunca Foi Dito" (Suma de Letras), centrado na problemática relação entre uma filha e seu pai. O francês, que começou a escrever pensando que seu filho poderia ler seus livros quando se tornasse adulto -hoje já chegou lá, com 22 anos-, diz que esse é um tema central para sua obra.
"Eu me defino como um contador de histórias e sempre penso no meu filho quando estou contando uma história. Sempre penso no homem que ele está se tornando. É provavelmente a relação mais importante em toda a minha vida, e isso se reflete na minha obra."
Levy rechaça as comparações com Dan Brown, mas reconhece a proximidade com Paulo Coelho, de quem diz ser um "bom amigo".
"Eu entendo a comparação, porque tanto nos livros do Paulo como nos meus as histórias são guiadas pelos personagens. Não importa se o livro é um thriller, uma aventura, uma viagem. O que importa é o personagem."
Ressaltando que é uma honra ser comparado a Coelho e admitindo que "O Alquimista" foi um dos seus livros inspiradores, Levy diz, porém, que as semelhanças se esgotam por aí.
"Apesar de tudo, as histórias que contamos são muito diferentes. Ou pelo menos espero que sejam."


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