São Paulo, Sexta-feira, 10 de Setembro de 1999
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SHOW CRÍTICA
Yes renega teclados e deixa guitarra brilhar

da Reportagem Local

Pensar no grupo britânico Yes, um dos ícones do rock progressivo, é quase sempre escutar um teclado rebuscado servindo de guia para a voz aguda de Jon Anderson. Quem concordava com isso teve uma grande surpresa no primeiro show em São Paulo da nova turnê da banda.
Na apresentação do Yes no Olympia, anteontem, o teclado e a voz esganiçada do vocalista praticamente sumiram, soterrados pelo tripé básico do rock: guitarra, baixo e bateria. Com Steve Howe nas firulas técnicas e Chris Squire usando o baixo para dar pegada rock and roll à coisa, o Yes está quase virando uma guitar band.
Com pouco mais de um minuto de show, Howe já está solando feito um alucinado. O sujeito fica completamente solto no palco. Para isso, conta com um esforçado escudeiro, Billy Sherwood, na banda desde 1997, que faz todas as bases de guitarra.
Squire, que fundou o Yes há 30 anos e é o único integrante que participou de todas as formações, mostra logo de cara quem manda no palco. Squire encara o público, dá ordens para seus companheiros e mantém sua pose característica, curvando o corpo e levantando a perna direita, como um rotundo lutador de artes marciais.
Howe e Squire dominam a cena, e o também veterano Alan White bate pesado na bateria. Quem dá a nota destoante é Jon Anderson, que já não sustenta seus agudos com firmeza. Sua presença de palco, que nunca foi lá grande coisa, está patética. Dá tchauzinho para a platéia, vestido num conjunto branco e amarelo que cairia bem numa tia sessentona.
Mas o vocalista merece respeito. Por tudo que já fez pelo rock progressivo e, apesar da voz fraca, por ainda ser melhor do que a maioria dos gogós do rock atual.
Anderson perdoado, o destaque negativo cai sobre o tecladista Igor Khoroshev. Apagado, o cara não tem gabarito nem para afinar um piano para Rick Wakeman ou Tony Kaye, donos do teclado do Yes em outras épocas.
Como em qualquer show de uma banda com tantos discos lançados, é lógico que sempre um ou outro hit é esquecido, para reclamação dos fãs. Mas "Owner of a Lonely Heart" e "Roundabout" tiveram duas versões apoteóticas no espetáculo, daquelas de lavar a alma da platéia. Coisas de banda com 30 anos de estrada.
(THALES DE MENEZES)


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