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SHOW CRÍTICA
Yes renega teclados e
deixa guitarra brilhar
da Reportagem Local
Pensar no grupo britânico Yes,
um dos ícones do rock progressivo, é quase sempre escutar um teclado rebuscado servindo de guia
para a voz aguda de Jon Anderson. Quem concordava com isso
teve uma grande surpresa no primeiro show em São Paulo da nova
turnê da banda.
Na apresentação do Yes no
Olympia, anteontem, o teclado e a
voz esganiçada do vocalista praticamente sumiram, soterrados pelo tripé básico do rock: guitarra,
baixo e bateria. Com Steve Howe
nas firulas técnicas e Chris Squire
usando o baixo para dar pegada
rock and roll à coisa, o Yes está
quase virando uma guitar band.
Com pouco mais de um minuto
de show, Howe já está solando feito um alucinado. O sujeito fica
completamente solto no palco.
Para isso, conta com um esforçado escudeiro, Billy Sherwood, na
banda desde 1997, que faz todas as
bases de guitarra.
Squire, que fundou o Yes há 30
anos e é o único integrante que
participou de todas as formações,
mostra logo de cara quem manda
no palco. Squire encara o público,
dá ordens para seus companheiros e mantém sua pose característica, curvando o corpo e levantando a perna direita, como um rotundo lutador de artes marciais.
Howe e Squire dominam a cena,
e o também veterano Alan White
bate pesado na bateria. Quem dá a
nota destoante é Jon Anderson,
que já não sustenta seus agudos
com firmeza. Sua presença de palco, que nunca foi lá grande coisa,
está patética. Dá tchauzinho para
a platéia, vestido num conjunto
branco e amarelo que cairia bem
numa tia sessentona.
Mas o vocalista merece respeito.
Por tudo que já fez pelo rock progressivo e, apesar da voz fraca,
por ainda ser melhor do que a
maioria dos gogós do rock atual.
Anderson perdoado, o destaque
negativo cai sobre o tecladista
Igor Khoroshev. Apagado, o cara
não tem gabarito nem para afinar
um piano para Rick Wakeman ou
Tony Kaye, donos do teclado do
Yes em outras épocas.
Como em qualquer show de
uma banda com tantos discos
lançados, é lógico que sempre um
ou outro hit é esquecido, para reclamação dos fãs. Mas "Owner of
a Lonely Heart" e "Roundabout"
tiveram duas versões apoteóticas
no espetáculo, daquelas de lavar a
alma da platéia. Coisas de banda
com 30 anos de estrada.
(THALES DE MENEZES)
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