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Banderas estréia com comédia engajada
Reuters
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O ator espanho Antonio Banderas, que tem seu "Crazy in Alabama" exibido em Veneza |
do enviado a Veneza
Antonio Banderas, covardia, é
também bom diretor. O astro lançado por Almodovár estréia atrás
das câmeras com uma vigorosa
comédia policial, "Crazy in Alabama" (Louca no Alabama), estrelada por sua mulher, Melanie
Griffith. Não será surpresa se
agradar ao presidente do júri,
Emir Kusturica ("Underground").
Tudo se passa nos EUA chacoalhados pelos protestos pró-direitos humanos em 1965. Baseado
no romance homônimo de Mark
Childress, "Crazy" cruza personagens envolvidos na luta pela liberação da mulher e pela igualdade
para os negros.
Nem os lábios demasiadamente
estufados por colágeno atrapalham o solo de Melanie Griffith.
Ela é Lucille, a sonhadora mãe de
seis filhos que abre o filme anunciando ter matado e decapitado o
violento marido.
Em sua fuga rumo a Hollywood,
Lucille estoura a banca em Las
Vegas. Em Los Angeles, consegue
o que se prometera e faz sucesso
numa ponta do seriado "A Feiticeira". A tiracolo, como troféu,
carrega numa vistosa caixa de
chapéu a cabeça do marido.
A polícia não demora a encontrá-la e levá-la a julgamento em
sua Alabama natal. Uma das principais testemunhas é seu sobrinho Peejoe (Lucas Black, a cara de
Banderas quando adolescente).
É ele também a única testemunha do assassinato de um garoto
negro pelo xerife local. A sorte da
tia parece depender do silêncio
dele.
Banderas consegue imprimir e
manter um difícil tom farsesco
que jamais desanda para o patético involuntário. "Não é realismo
mágico, mas tem a ver", disse ontem em Veneza.
O triunfo maior é o trabalho dos
atores, com destaque para Griffith
e para Rod Steiger no papel de um
juiz nada ortodoxo. "Crazy" é
uma das boas surpresas do ano.
Já o outro concorrente de ontem, "Guo Nian Hui Jia" (17
Anos) de Zhang Yuan, é apenas
correto. Acompanha-se a punição de uma adolescente que mata
sua irmã por casamento.
O filme chegou até aqui sem o
reconhecimento oficial chinês. É
muito menos corrosivo do que
"Nenhum a Menos" de Yimou.
Muito barulho por nada.
(AL)
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