São Paulo, Sexta-feira, 10 de Setembro de 1999
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Banderas estréia com comédia engajada

Reuters
O ator espanho Antonio Banderas, que tem seu "Crazy in Alabama" exibido em Veneza


do enviado a Veneza


Antonio Banderas, covardia, é também bom diretor. O astro lançado por Almodovár estréia atrás das câmeras com uma vigorosa comédia policial, "Crazy in Alabama" (Louca no Alabama), estrelada por sua mulher, Melanie Griffith. Não será surpresa se agradar ao presidente do júri, Emir Kusturica ("Underground").
Tudo se passa nos EUA chacoalhados pelos protestos pró-direitos humanos em 1965. Baseado no romance homônimo de Mark Childress, "Crazy" cruza personagens envolvidos na luta pela liberação da mulher e pela igualdade para os negros.
Nem os lábios demasiadamente estufados por colágeno atrapalham o solo de Melanie Griffith. Ela é Lucille, a sonhadora mãe de seis filhos que abre o filme anunciando ter matado e decapitado o violento marido.
Em sua fuga rumo a Hollywood, Lucille estoura a banca em Las Vegas. Em Los Angeles, consegue o que se prometera e faz sucesso numa ponta do seriado "A Feiticeira". A tiracolo, como troféu, carrega numa vistosa caixa de chapéu a cabeça do marido.
A polícia não demora a encontrá-la e levá-la a julgamento em sua Alabama natal. Uma das principais testemunhas é seu sobrinho Peejoe (Lucas Black, a cara de Banderas quando adolescente).
É ele também a única testemunha do assassinato de um garoto negro pelo xerife local. A sorte da tia parece depender do silêncio dele.
Banderas consegue imprimir e manter um difícil tom farsesco que jamais desanda para o patético involuntário. "Não é realismo mágico, mas tem a ver", disse ontem em Veneza.
O triunfo maior é o trabalho dos atores, com destaque para Griffith e para Rod Steiger no papel de um juiz nada ortodoxo. "Crazy" é uma das boas surpresas do ano.
Já o outro concorrente de ontem, "Guo Nian Hui Jia" (17 Anos) de Zhang Yuan, é apenas correto. Acompanha-se a punição de uma adolescente que mata sua irmã por casamento.
O filme chegou até aqui sem o reconhecimento oficial chinês. É muito menos corrosivo do que "Nenhum a Menos" de Yimou. Muito barulho por nada. (AL)


Texto Anterior: Cinema: "Meu lugar é a China", diz Zhang Yimou
Próximo Texto: "Greed" ganha mais 30 minutos
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.