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LEGISLAÇÃO
MinC notifica exibidoras que não levam nacionais às telas
CRISTIAN AVELLO CANCINO
free-lance para a Folha
Basta olhar nos roteiros de cinema dos jornais. Sobra espaço para
os títulos norte-americanos. Da
mesma forma que outros países
de cinematografia representativa,
o Brasil também tem uma legislação que prevê uma cota de tela para o cinema nacional como mecanismo de defesa contra a hegemonia do cinema dos EUA.
Este ano o decreto lei nº 3.024 fixa em 49 o número de dias nos
quais as empresas proprietárias,
locatárias e arrendatárias de salas
ou espaços de exibição pública
deverão programar longas-metragens brasileiros.
Pressionada por cineastas e representantes da indústria cinematográfica que acreditam que o
decreto não está sendo cumprido,
a Secretaria do Audiovisual resolveu encaminhar uma notificação
a todas as empresas exibidoras.
"O dossiê já está pronto. Além
dos cinemas, ele inclui as TVs a
cabo e as empresas de homevideo, que também têm cotas a
cumprir, de acordo com a atual
legislação. Acabamos de encaminhar esse documento ao Ministério Público. Se for necessário,
abriremos ação civil contra algumas empresas", garante o secretário do Audiovisual do Ministério
da Cultura, José Álvaro Moisés.
Se pairam dúvidas sobre o cumprimento dessa legislação, há
consenso entre cineastas com relação ao aumento dessa cota, considerada há muito insuficiente.
"O ministério estabeleceu essa
quantidade de dias levando em
conta a produção nacional esperada para este ano, algo em torno
de 45 ou 50 filmes", justifica o secretário.
O cineasta Arnaldo Jabor chama a atenção para o fato de que,
nos anos 70, nada menos do que
130 dias ficavam reservados à produção nacional em cinemas de todo o país. "Todo mundo tem sua
lei protecionista. Os EUA, aliás,
são o mais protecionista de todos,
e só por isso conseguiram se tornar esse império que são. Hoje,
com a liquidação da Embrafilme,
o cinema nacional só existe na cabeça dos colunistas sociais", vocifera Jabor.
Alain Fresnot, que não acha a
produção nacional incipiente,
concorda com a ampliação da cota. "É indispensável", preconiza.
De qualquer forma, o secretário
reconhece as dificuldades com relação à fiscalização das salas de cinema. "A extinção do Concine
(Conselho Nacional de Cinema)
destruiu os mecanismos de averiguação. É preciso ter estatística,
números, para saber se a lei anda
sendo cumprida."
Ele diz que o Minc, por meio da
Secretaria do Audiovisual, está
procurando empreender estudos
sobre a atuação das distribuidoras. Nada de muito concreto, entretanto, foi obtido até agora.
O secretário adianta apenas o
nome de duas empresas que estariam cumprindo a legislação. "A
distribuidora Severiano Ribeiro
não tem dívidas conosco. A Multiplex cumpre a cota de exibição
estabelecida."
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