São Paulo, quarta-feira, 10 de outubro de 2001

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DO BRASIL

Robôs não fazem mais parte da ficção

DA REPORTAGEM LOCAL

Os robozinhos que apareciam tanto na ficção científica do passado já eram, na opinião do fluminense Jorge Luis Calife, 50, um dos poucos brasileiros que se dedicam ao gênero.
Calife, que está lançando a coletânea de contos "As Sereias do Espaço" (Record), aposta em criaturas biotecnológicas e clones em lugar dos imaginados seres mecânicos. Leia a seguir trechos da entrevista com o escritor.

Folha - Por que o sr. prefere a ficção distante do que a "next fiction", mais próxima?
Jorge Luis Calife
- A ficção a curto prazo fica logo desatualizada. Aqui no Brasil você leva tanto tempo até publicar um livro de ficção científica que, quando a história sai, já foi superada pelos fatos. Hoje a realidade supera rápido a ficção.

Folha - Não lhe parece que a premissa de "A.I. - Inteligência Artificial", de Spielberg, de um filho robô, também foi ultrapassada pela clonagem?
Calife
- Exato. Essa ficção dos robozinhos é a ficção dos anos 40 e 50. Naquela época se imaginava que a ciência do futuro seria a eletrônica, mas hoje se considera que será a biotecnologia, a engenharia genética. Se um homem no futuro próximo criar seres sensíveis artificiais, serão clones.

Folha - Mais próximo do que Aldous Huxley previa.
Calife
- Sim. A idéia hoje é que os próprios robôs vão ser substituídos por criaturas biológicas. Tem um livro do Freeman Dyson, chamado "O Infinito em Todas as Direções", em que ele diz que as sondas espaciais mecânicas que a Nasa manda para outros planetas, no futuro, serão estruturas biológicas criadas para desempenhar determinadas funções. De acordo com o ambiente que percorrem, iriam se transformando.

Folha - Por que não existem muitos autores brasileiros de ficção científica?
Calife
- É um gênero que tem poucos leitores no Brasil. A cultura brasileira não é muito ligada em ciência, o que faz sucesso por aqui é a magia.


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