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DO BRASIL
Robôs não fazem mais parte da ficção
DA REPORTAGEM LOCAL
Os robozinhos que apareciam tanto na ficção científica do passado já eram, na
opinião do fluminense Jorge
Luis Calife, 50, um dos poucos brasileiros que se dedicam ao gênero.
Calife, que está lançando a
coletânea de contos "As Sereias do Espaço" (Record),
aposta em criaturas biotecnológicas e clones em lugar
dos imaginados seres mecânicos. Leia a seguir trechos
da entrevista com o escritor.
Folha - Por que o sr. prefere
a ficção distante do que a
"next fiction", mais próxima?
Jorge Luis Calife - A ficção a
curto prazo fica logo desatualizada. Aqui no Brasil você leva tanto tempo até publicar um livro de ficção
científica que, quando a história sai, já foi superada pelos fatos. Hoje a realidade
supera rápido a ficção.
Folha - Não lhe parece que a
premissa de "A.I. - Inteligência Artificial", de Spielberg,
de um filho robô, também foi
ultrapassada pela clonagem?
Calife - Exato. Essa ficção
dos robozinhos é a ficção
dos anos 40 e 50. Naquela
época se imaginava que a
ciência do futuro seria a eletrônica, mas hoje se considera que será a biotecnologia, a
engenharia genética. Se um
homem no futuro próximo
criar seres sensíveis artificiais, serão clones.
Folha - Mais próximo do que
Aldous Huxley previa.
Calife - Sim. A idéia hoje é
que os próprios robôs vão
ser substituídos por criaturas biológicas. Tem um livro
do Freeman Dyson, chamado "O Infinito em Todas as
Direções", em que ele diz
que as sondas espaciais mecânicas que a Nasa manda
para outros planetas, no futuro, serão estruturas biológicas criadas para desempenhar determinadas funções.
De acordo com o ambiente
que percorrem, iriam se
transformando.
Folha - Por que não existem
muitos autores brasileiros de
ficção científica?
Calife - É um gênero que
tem poucos leitores no Brasil. A cultura brasileira não é
muito ligada em ciência, o
que faz sucesso por aqui é a
magia.
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