São Paulo, sábado, 10 de outubro de 2009

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Documentário que chancela fuga de Polanski estreia na Suíça

Diretora quer filmar sequência por haver "perguntas demais em aberto"

LUCIANA COELHO
DE GENEBRA

"Wanted and Desired", o documentário que busca eximir o cineasta Roman Polanski por ter fugido da Justiça americana, estreou anteontem na Suíça com mais de um ano de atraso e sem o alarde costumeiro em torno do caso. E a diretora Marina Zenovich já anunciou que haverá sequência.
A estreia estava programada, mas, ironicamente, ocorre quando o diretor franco-polonês está detido em Zurique com base em uma ordem internacional de prisão americana de 2005. Polanski estava foragido desde 1978, quando deixou os EUA no meio de um processo no qual respondia por "sexo ilegal com uma menor".
Embora pró-Polanski, o que o documentário faz não é absolver o diretor por ter feito sexo com uma menina de 13 anos -ainda que privilegie atenuantes. É chancelar seu argumento de que nos EUA não seria possível ter um julgamento justo.
O filme -com cópias piratas já à venda em camelôs de SP- foca o contraste cultural e moral entre americanos e europeus. Daí o título "Wanted" (procurado, referência aos primeiros) e "desired" (desejado, alusão aos segundos).
Mas, sobretudo, faz seu grande vilão do juiz Laurence Rittenband, que conduziu o caso até se afastar em 1989 (segundo obituário no "New York Times", voluntariamente; segundo o filme, porque teria de responder por ter manipulado acusação e defesa). Ele morreu em 1994, aos 88 anos.
No documentário, Rittenband é apresentado como alguém sedento de fama, que manipulava promotores, advogados e réus, e sem moral para julgar o diretor, posto que ele também apreciava mulheres mais jovens (embora adultas).
O suposto egocentrismo do juiz é o único ponto de convergência entre os depoimentos da vítima, Samantha Geimer, dos amigos do diretor, do advogado de defesa, do advogado de acusação e do promotor-chefe.
O caso é considerado inconcluso até hoje. Polanski chegou a ser colocado sob observação psiquiátrica pelo juiz em uma prisão estadual durante 42 dias -o pedido original era de 90, mas ele foi liberado antes.
Às vésperas de ouvir a sentença, que poderia ser de seis meses a 50 anos de prisão, o diretor fugiu para Paris, onde vivia com a mulher e os filhos até ser preso há 16 dias em Zurique. A França não extradita seus cidadãos, mas a Suíça tem acordo com os EUA.
Na Suíça na semana passada, Zenovich disse que quer fazer uma sequência por haver "perguntas demais em aberto".


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