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Documentário que chancela
fuga de Polanski estreia na Suíça
Diretora quer filmar sequência por haver "perguntas demais em aberto"
LUCIANA COELHO
DE GENEBRA
"Wanted and Desired", o documentário que busca eximir o
cineasta Roman Polanski por
ter fugido da Justiça americana, estreou anteontem na Suíça
com mais de um ano de atraso e
sem o alarde costumeiro em
torno do caso. E a diretora Marina Zenovich já anunciou que
haverá sequência.
A estreia estava programada,
mas, ironicamente, ocorre
quando o diretor franco-polonês está detido em Zurique
com base em uma ordem internacional de prisão americana
de 2005. Polanski estava foragido desde 1978, quando deixou
os EUA no meio de um processo no qual respondia por "sexo
ilegal com uma menor".
Embora pró-Polanski, o que
o documentário faz não é absolver o diretor por ter feito sexo
com uma menina de 13 anos
-ainda que privilegie atenuantes. É chancelar seu argumento
de que nos EUA não seria possível ter um julgamento justo.
O filme -com cópias piratas
já à venda em camelôs de SP-
foca o contraste cultural e moral entre americanos e europeus. Daí o título "Wanted"
(procurado, referência aos primeiros) e "desired" (desejado,
alusão aos segundos).
Mas, sobretudo, faz seu grande vilão do juiz Laurence Rittenband, que conduziu o caso
até se afastar em 1989 (segundo
obituário no "New York Times", voluntariamente; segundo o filme, porque teria de responder por ter manipulado
acusação e defesa). Ele morreu
em 1994, aos 88 anos.
No documentário, Rittenband é apresentado como alguém sedento de fama, que manipulava promotores, advogados e réus, e sem moral para
julgar o diretor, posto que ele
também apreciava mulheres
mais jovens (embora adultas).
O suposto egocentrismo do
juiz é o único ponto de convergência entre os depoimentos da
vítima, Samantha Geimer, dos
amigos do diretor, do advogado
de defesa, do advogado de acusação e do promotor-chefe.
O caso é considerado inconcluso até hoje. Polanski chegou
a ser colocado sob observação
psiquiátrica pelo juiz em uma
prisão estadual durante 42 dias
-o pedido original era de 90,
mas ele foi liberado antes.
Às vésperas de ouvir a sentença, que poderia ser de seis
meses a 50 anos de prisão, o diretor fugiu para Paris, onde vivia com a mulher e os filhos até
ser preso há 16 dias em Zurique. A França não extradita
seus cidadãos, mas a Suíça tem
acordo com os EUA.
Na Suíça na semana passada,
Zenovich disse que quer fazer
uma sequência por haver "perguntas demais em aberto".
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