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LITERATURA
Saramago vira "Samarado'
em Frankfurt
CASSIANO ELEK MACHADO
enviado especial a Frankfurt
"Quantos livros escreveu
Samarado?",
"Samarado mora em Porto Rico?". Foi com
perguntas como
essas que Zeferino Coelho, o editor do escritor
português José Saramago foi recepcionado ontem pela manhã,
quando chegou ao seu estande na
Feira de Frankfurt.
Dois colegas coreanos queriam
saber quem era o escritor que vencera o Prêmio Nobel de 1998. Enquanto Zeferino tentava explicar o
que significava "Memorial do
Convento" para um, o outro coreano fotografava a parede do estande, onde está afixada uma fotografia do autor português, em frente
ao rio Tejo, em Lisboa.
Saíram os coreanos, chegaram
duas bibliotecárias suecas. "Compraremos algo do Saranago para
nossa biblioteca assim que chegarmos a Orebro", disse Guduin Goransson, se referindo à cidade sueca em que mora.
Samarado, Siromago, Saranago.
Toda a Feira de Frankfurt, que tem
180 mil metros quadrados de expositores, se dirigiu ontem para os
nove metros quadrados da Caminho Editorial. "Todos que não conheciam Saramago resolveram fazê-lo hoje", disse Zeferino.
Foi ele mesmo que, em 1979, resolveu transformar em livro a "resma de papéis datilografados entitulados "A Noite'", que recebeu de
um "desconhecido José".
Depois disso, foram 25 livros,
traduzido para 25 países e quase 25
prêmios literários. "Se você quiser
fabricar automóveis, precisa ter
muito dinheiro. Para ter uma editora, só é necessário uma esferográfica, papel e um autor genial",
explicou, enquanto corria para
atender um telefonema de uma televisão do Egito.
Telefonemas não faltaram para a
agente literária do escritor de "Memorial do Convento", a alemã Ray-Güde Mertin. Quando chegou em
casa ontem, ela encontrou 49 recados em sua secretária eletrônica.
Antes ir para casa, Mertin, tradutora de Saramago para o alemão,
levou o escritor em "quase uma dezenas de festas". Em uma delas, do
editor espanhol do escritor, Saramago contou "pela primeira vez",
como disse, o que sentiu quando
informado do Nobel.
Ele estava em uma sala de espera
do aeroporto de Frankfurt, pronto
para entrar em um avião, quando
uma funcionária de uma companhia aérea veio correndo em sua
direção e disse: "O sr. ganhou".
Logo em seguida, veio um telefonema de Zeferino, pedindo que Saramago voltasse à Feira. "Foi andando em um corredor do aeroporto, sozinho, carregando em
uma mão minha valise, e na outra,
um casaco, que pensei: "Como às
vezes as coisas grandes são pequenas'. Continuei andando", contou
Saramago.
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