São Paulo, segunda, 10 de novembro de 1997.




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TELEVISÃO
Série ilustra riqueza dramática de metrô de NY

ESTHER HAMBURGER
especial para a Folha, em Austin

Cada vez mais Nova York, a metrópole mundial da cultura no novo mundo, se especializa em servir de cenário para a fantasia cinematográfica e televisiva. O metrô de Nova York oferece o cenário perfeito para a aprendizagem dessas linguagens visuais.
Coerente com sua propaganda de canal de TV a cabo que é mais que TV, a HBO estimula novos talentos cinematográficos. O canal promoveu em 1996 um concurso de roteiros de ficção ambientados no metrô de Nova York.
As melhores propostas foram produzidas e editadas em um longa, "Subway Stories", exibido repetidamente nos Estados Unidos, acompanhado de ampla campanha publicitária, mas sem data marcada para exibição no Brasil.
No metrô de Nova York não é fácil distinguir o bem do mal, o solidário do salafrário. Os curtas problematizam os prazeres dos amores incógnitos, a desconfiança dos vigaristas e ingênuos operadores da bolsa, a mulher sedutora e generosa que recupera garotos frustrados, as dificuldades de uma interiorana em visita à cidade, a impossibilidade de distinguir um mendigo aidético que sinceramente pede esmola e um vigarista disfarçado de doente necessitado.
O tratamento visual semelhante facilita a passagem de um filme para o outro sem maiores sobressaltos. O resultado é interessante, mas bastante escolar.
A América "real" tem mais relação com a vida dos lugarejos brancos nas margens das estradas que cortam os imensos milharais do Estado de Iowa do que com a multiplicidade étnica racial das poucas metrópoles.
Mas não é essa a imagem que o cinema e a TV transmitem do país de Hollywood. As aventuras de urbanóides carregados de angústia e violência, imersos na diversidade das diásporas contemporâneas, se realizam nas grandes cidades.
Os Estados Unidos aparecem associados a imagens do metrô elevado e sombrio de Chicago, da China Town de Los Angeles, mas principalmente das multidões nas ruas de Manhattan.
Por mais que os americanos médios das cidades pequenas temam e execrem a sujeira, o burburinho e a agitação de Nova York, é lá que reside o fascínio.
E a cidade que ultimamente tem se esmerado por apresentar melhorias nos seus mais que sofríveis índices de criminalidade e aproveitamento escolar vai se especializando em representar um cenário vivo para o mundo. Nova York é rica em espaços públicos capazes de gerar situações dramáticas. Talvez por isso tenha se tornado ela mesma o espetáculo.

E-mail: ehamb@uol.com.br



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