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DISCO-CELEBRAÇÃO
Novo disco, "500 Sambas", comemora diferentes efemérides
Moraes celebra Descobrimento, trio elétrico e até a axé music
PAULO VIEIRA
especial para a Folha
Depois da
fase acústica, a
MPB celebra
efemérides.
Moraes Moreira juntou
duas, de grandezas distintas:
500 anos de Descobrimento, 50
anos do trio elétrico. Soa bizarro, mas ao menos não é CD duplo com regravações ou com o
último show. "500 Sambas" tem
13 de suas 14 faixas inéditas e celebra também uma detente com
aqueles a quem o ex (atual?) Novo Baiano sempre criticou: os
músicos de axé da Bahia.
"Sou um repórter musical
neste disco. Fim do milênio é
momento de avaliação. Quis
contar a história da música popular baiana, sem entrar em
questões estéticas. Aí vi que a
axé music trouxe profissionalização, superestúdios e trabalho
aos músicos baianos."
Eles -alguns, ao menos- estão lá, citados em "Festa de Arrombahia". Asa de Águia, Banda Mel, Netinho, Cheiro de
Amor e Timbalada ganham
uma estrofe inteira, Neguinho
do Samba é reverenciado pela
eficiência, "Ivete" e É o Tchan
têm citações positivas. Mais do
que "balanço", "500 Sambas"
tem sua gênese ligada a um fato
novo da história de Moraes. Em
2000 ele fará os circuitos nobres
do Carnaval da Bahia, saindo
quatro noites por seu próprio
trio elétrico, o Chame Gente.
"Dificilmente esse disco sairia se
eu não tivesse bons circuitos no
próximo Carnaval. E fiquei sabendo disso já em março, quando normalmente me convidam
sempre em cima da hora."
Estar no trio elétrico deverá
ser a melhor forma de Moraes
mostrar suas músicas, cuja execução em rádio não é prognosticada. Por isso, escreveu coisas
como "Escola Dodô e Osmar",
"Atrás do Meu Trio" e "Jubileu
de Ouro", dedicadas ao trio.
Apesar de o discurso sobre
-a expressão é dele- o fenômeno da música baiana, Moraes
não começa seu CD em Dodô,
mas em Carlos Cachaça. "O disco tem como referência o samba, a forma musical mais representativa do Brasil, a que seria
eleita, creio, se precisássemos
escolher um único gênero."
Positivo no disco com os baianos da "nova geração", Moraes,
porém, evita se misturar. "Só
subiria em trios onde estão músicos com quem me afino, como
Gerônimo, Brown ou Luiz Caldas. Não estaria com o Cheiro
de Amor." Moraes perde a modéstia quando diz que "é melhor
de trio elétrico" do que aqueles a
quem menciona. "Posso ficar
cinco, seis horas em cima do trio
só cantando meu repertório.
Sou um pioneiro, minha influência sobre a axé é clara."
"500 Sambas", que Moraes
define como "fotografia jornalística", não é eloquente com os
Novos Baianos -tiveram menos espaço que o próprio Moraes na letra de "Festa de Arrombahia". Descuido? "Fomos
os primeiros a ousar em termos
filosóficos, comportamentais. A
idéia de morar em comunidade.
"Acabou Chorare" era um disco
que assustava as pessoas."
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