Filme com DiCaprio e Jack Nicholson arrecadou mais de US$ 100 milhões em cinco semanas

Com roteiro inspirado no chinês "Conflitos Internos", 21º longa do diretor trata da perseguição a mafiosos irlandeses em Boston

CRÍTICO DA FOLHA

Jack Nicholson está acostumado a grandes êxitos de público -é um astro carismático capaz de tornar rentáveis filmes como "Melhor É Impossível" (1997) e "Alguém Tem que Ceder" (2003)-, e Leonardo DiCaprio estrelou o maior sucesso de bilheteria da história, "Titanic" (1997).
Esse mundo é novo, entretanto, para Martin Scorsese, apontado por muitos colegas como o mais talentoso cineasta norte-americano em atividade. Seu primeiro filme a ultrapassar a marca dos US$ 100 milhões de bilheteria no mercado norte-americano -em geral, uma indicativa de êxito para a indústria cinematográfica- foi apenas o seu 20º longa- metragem de ficção, "O Aviador" (2004).
Scorsese repete agora a boa performance de público com o 21º, "Os Infiltrados" (2005), que arrecadou cerca de US$ 102 milhões nas cinco primeiras semanas de exibição nos Estados Unidos, ocupando mais de 2.700 salas.
Assim, já se tornou o maior sucesso de bilheteria de uma carreira que inclui clássicos como "Taxi Driver" (1976) e "Touro Indomável" (1980).
A ironia é que "Os Infiltrados" se trata de uma refilmagem: o roteiro de William Monahan (que escreveu "Cruzada", de Ridley Scott) se inspira nos personagens criados pelos roteiristas Felix Chong e Siu Fai Mak para o policial "Conflitos Internos" (2002), dirigido em Hong-Kong por Mak e por Wai Keung Lau, e que teve duas continuações.

Mafiosos
Scorsese já havia realizado uma refilmagem, "Cabo do Medo" (1991), mas baseada em uma produção norte-americana (de 1962).
Na adaptação de Monahan, a história é ambientada em Boston, com mafiosos irlandeses no papel de vilões perseguidos pela Unidade de Investigações Especiais da Polícia Estadual de Massachusetts.
Nicholson interpreta o chefão Frank Costello, que infiltra na polícia um de seus protegidos, Collin Sullivan (Matt Damon). A polícia, por sua vez, "planta" na quadrilha de Costello um agente, Billy Costigan (DiCaprio). O principal desafio de cada um deles é descobrir a identidade do outro antes de ser por ele identificado.
"Houve diversas cenas em que eu não tinha a menor idéia do que iria acontecer", lembrou DiCaprio em entrevista ao diário britânico "The Independent". "Numa seqüência em particular, Jack dizia a Marty que não achava que estivesse me intimidando o bastante. No dia seguinte, um assistente de produção me falou para tomar cuidado porque Jack estava com um extintor de incêndio, um revólver e uma garrafa de uísque. Essa sensação de medo deu uma nova dinâmica ao meu personagem." (SÉRGIO RIZZO)


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