São Paulo, quarta, 10 de dezembro de 1997.




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Tropicália ganha biografia

Aos 30 anos de idade, a tropicália ganha sua primeira biografia, escrita pelo jornalista Carlos Calado

PEDRO ALEXANDRE SANCHES
da Reportagem Local

Demoraram 30 anos, mas o movimento tropicalista tem sua primeira biografia. Chama-se "Tropicália - A História de uma Revolução Musical", escrita pelo jornalista e colaborador da Folha Carlos Calado.
É o primeiro trabalho a organizar e reunir num só volume um conjunto de histórias que parte do momento em que um grupo de jovens baianos descobriu a música de João Gilberto, ainda em 1959, na Bahia, e chega até à interrupção forçada, no final de 1968, do movimento musical que haviam forjado, com a prisão e o exílio de seus protagonistas, Caetano Veloso e Gilberto Gil.
"Tropicália" é, segundo Calado, livro-irmão de "A Divina Comédia dos Mutantes", biografia da banda tropicalista que ele lançou em 1995. "O projeto surgiu há mais de quatro anos, quando me dei conta de como era incrível que ninguém houvesse ainda feito um livro que narrasse essa história."
O projeto foi -mais ou menos- interrompido quando a editora 34 propôs a Calado, para a coleção Ouvido Musical -que reúne títulos sobre música pop, já com nove volumes lançados-, uma biografia dos Mutantes.
"Acabei fazendo os Mutantes, mas, pelo fato de as duas histórias se cruzarem, desde aí já estava pesquisando a tropicália."
A metodologia usada por Calado repousou sobre dois pilares: as entrevistas com os participantes do movimento e a pesquisa intensiva em material jornalístico da época.
"Um trabalho como esse precisa se valer muito de jornais e revistas de época. Não há memória privilegiada que resista a todo esse tempo, e aí é possível recuperar muitos detalhes."
Ainda assim, o processo de entrevistas foi encarado por Calado como essencial. O critério foi mesmo o de importância dentro do contexto que criou aquele momento histórico.
"O tempo dedicado à entrevistas acaba sendo proporcional à participação e ao papel de cada um. Com Caetano, fiz cinco entrevistas de cerca de três horas cada; com Gil, foram três longas sessões."



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