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Florença terá maior Amilcar do mundo
Escultor produzirá obra de 20 metros de diâmetro e 160 toneladas a ser instalada em "villa" renascentista na capital da Toscana
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CELSO FIORAVANTE
enviado especial a Belo Horizonte
O escultor mineiro Amilcar de
Castro, 79, está se preparando para um esforço hercúleo em 2000:
produzir a maior escultura de sua
vida. A obra terá 20 metros de diâmetro e pesará 160 toneladas (caso a chapa de ferro tenha duas polegadas de espessura).
A peça será realizada em ferro
soldado anticorrosivo. "É um ferro muito bom, pois as primeiras
camadas enferrujam, mas isolam
as camadas interiores", disse o escultor em entrevista à Folha em
seu ateliê em Belo Horizonte.
A obra é um desejo do editor de
livros de arte e colecionador brasileiro Charles Cosac e de seu sócio e cunhado, o norte-americano
Michael Naify. "Considero Amilcar o maior escultor vivo do Brasil
e tenho uma relação muito forte
com Minas. Apesar de ter nascido
no Rio, não penso no Corcovado
quando penso no Brasil, mas nas
montanhas de Minas", disse
Charles Cosac.
O editor já possui três esculturas
de Amilcar em sua coleção, formada basicamente por obras de
Siron Franco, Farnese de Andrade e Daniel Senise. Também é o
responsável pela reedição de
"Amilcar de Castro", livro antológico sobre a produção do artista.
O projeto deverá custar cerca de
US$ 600 mil, bancados pela família Naify, que atua no ramo de comunicações nos EUA. A família
de Cosac se dedica à mineração
(de quartzo, por parte do pai, e de
minérios de ferro, manganês e
bauxita, por parte da mãe).
A realização da peça já enfrenta
problemas, decorrentes de suas
gigantescas medidas.
"Uma escultura de 160 toneladas deve ser feita no local onde será instalada, pois não é possível
transportá-la. Também não existe
laminação que produza uma chapa de ferro de 20 m x 20 m. Por isso ela deverá ser feita em partes e
depois soldada. Mas é preciso
também saber se essa chapa existe
na Itália e se existe a solda no mesmo material", disse Amilcar.
"Tentaremos viabilizá-la na Itália,
pois não será possível transportá-la", disse o editor. Outra solução
vislumbrada pelo artista é transportar as chapas cortadas e dobradas e o material necessário para a solda e montá-la no local.
A escultura terá a forma de um
grande círculo de ferro com um
triângulo recortado no meio e dobrado. O triângulo servirá de base
à peça, que poderá ser atravessada pelo espectador. "A idéia é levar o Triângulo Mineiro para Florença", disse Cosac.
A escultura desejada não é inédita. Obra semelhante já existe,
mas em dimensões menores, em
frente à Assembléia Legislativa de
Minas Gerais, em Belo Horizonte.
Tem seis metros de diâmetro.
A nova peça será instalada em
frente à Villa Strozzi, um conjunto arquitetônico renascentista do
século 15 localizado nos arredores
de Florença, com cerca de 5.000
metros quadrados de área construída. A família Strozzi era formada por mercantes e banqueiros e se tornou uma das mais poderosas e temidas na Toscana durante o Renascimento.
A escultura funcionará como a
porta de entrada para um jardim
de esculturas contemporâneas
brasileiras, que será criado na "villa". Outros artistas previstos para
o parque são Nuno Ramos e Saint
Clair Cemin.
Amilcar já possui esculturas públicas na Alemanha, Japão e Venezuela. No Brasil, seus trabalhos
estão espalhados por várias cidades. São Paulo, por exemplo, tem
o artista na praça da Sé e no jardim de esculturas do MAM (parque Ibirapuera ) e do MAC (USP).
O artista possui ainda uma obra
na Universidade de Essex, na Inglaterra, doada pelo artista a pedido de Cosac, que fundou ali uma
coleção de arte latino-americana.
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