São Paulo, Sexta-feira, 10 de Dezembro de 1999


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Florença terá maior Amilcar do mundo


Escultor produzirá obra de 20 metros de diâmetro e 160 toneladas a ser instalada em "villa" renascentista na capital da Toscana


CELSO FIORAVANTE
enviado especial a Belo Horizonte


O escultor mineiro Amilcar de Castro, 79, está se preparando para um esforço hercúleo em 2000: produzir a maior escultura de sua vida. A obra terá 20 metros de diâmetro e pesará 160 toneladas (caso a chapa de ferro tenha duas polegadas de espessura).
A peça será realizada em ferro soldado anticorrosivo. "É um ferro muito bom, pois as primeiras camadas enferrujam, mas isolam as camadas interiores", disse o escultor em entrevista à Folha em seu ateliê em Belo Horizonte.
A obra é um desejo do editor de livros de arte e colecionador brasileiro Charles Cosac e de seu sócio e cunhado, o norte-americano Michael Naify. "Considero Amilcar o maior escultor vivo do Brasil e tenho uma relação muito forte com Minas. Apesar de ter nascido no Rio, não penso no Corcovado quando penso no Brasil, mas nas montanhas de Minas", disse Charles Cosac.
O editor já possui três esculturas de Amilcar em sua coleção, formada basicamente por obras de Siron Franco, Farnese de Andrade e Daniel Senise. Também é o responsável pela reedição de "Amilcar de Castro", livro antológico sobre a produção do artista.
O projeto deverá custar cerca de US$ 600 mil, bancados pela família Naify, que atua no ramo de comunicações nos EUA. A família de Cosac se dedica à mineração (de quartzo, por parte do pai, e de minérios de ferro, manganês e bauxita, por parte da mãe).
A realização da peça já enfrenta problemas, decorrentes de suas gigantescas medidas.
"Uma escultura de 160 toneladas deve ser feita no local onde será instalada, pois não é possível transportá-la. Também não existe laminação que produza uma chapa de ferro de 20 m x 20 m. Por isso ela deverá ser feita em partes e depois soldada. Mas é preciso também saber se essa chapa existe na Itália e se existe a solda no mesmo material", disse Amilcar. "Tentaremos viabilizá-la na Itália, pois não será possível transportá-la", disse o editor. Outra solução vislumbrada pelo artista é transportar as chapas cortadas e dobradas e o material necessário para a solda e montá-la no local.
A escultura terá a forma de um grande círculo de ferro com um triângulo recortado no meio e dobrado. O triângulo servirá de base à peça, que poderá ser atravessada pelo espectador. "A idéia é levar o Triângulo Mineiro para Florença", disse Cosac.
A escultura desejada não é inédita. Obra semelhante já existe, mas em dimensões menores, em frente à Assembléia Legislativa de Minas Gerais, em Belo Horizonte. Tem seis metros de diâmetro.
A nova peça será instalada em frente à Villa Strozzi, um conjunto arquitetônico renascentista do século 15 localizado nos arredores de Florença, com cerca de 5.000 metros quadrados de área construída. A família Strozzi era formada por mercantes e banqueiros e se tornou uma das mais poderosas e temidas na Toscana durante o Renascimento.
A escultura funcionará como a porta de entrada para um jardim de esculturas contemporâneas brasileiras, que será criado na "villa". Outros artistas previstos para o parque são Nuno Ramos e Saint Clair Cemin.
Amilcar já possui esculturas públicas na Alemanha, Japão e Venezuela. No Brasil, seus trabalhos estão espalhados por várias cidades. São Paulo, por exemplo, tem o artista na praça da Sé e no jardim de esculturas do MAM (parque Ibirapuera ) e do MAC (USP).
O artista possui ainda uma obra na Universidade de Essex, na Inglaterra, doada pelo artista a pedido de Cosac, que fundou ali uma coleção de arte latino-americana.


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