PEDRO IVO DUBRA
DA REDAÇÃO

Realizada pela última vez em Roma antes de aportar em São Paulo, a instalação coreográfica "Schème II", da companhia Kondition Pluriel, é a atração derradeira de "Interatividades", evento do Itaú Cultural que pretende investigar os rumos que a arte tem tomado em tempos digitais.
Hoje, os integrantes do grupo dão uma palestra sobre o seu trabalho. Na quinta-feira, há um workshop, com inscrições já encerradas. De sexta a domingo, é possível conferir a performance.
"Schème II" enlaça o binômio dança e tecnologia numa única criação. No espetáculo, os movimentos da coreógrafa canadense Marie-Claude Poulin e da bailarina Line Nault são captados por sensores sem fio que alteram toda a estrutura da obra. O que quer dizer que as projeções de imagens e a trilha sonora executadas são modificadas a cada apresentação, em tempo real. E a recíproca humana, ao rebater as variáveis surgidas, é verdadeira.
"Não sei muito bem o que é natural, o que é artificial. As fronteiras não são muito claras. Nossa idéia é fazer uma fusão entre os movimentos das artistas e os elementos não-naturais", diz o austríaco Martin Kusch, 38, especializado em artemídia. Ao lado de Poulin, que conheceu em Berlim e com quem formou o Kondition Pluriel, ele assina a concepção geral da instalação, bem como a do ambiente. A empreitada envolve ao todo seis pessoas.
"Nossa intenção com esse nosso trabalho, "Schème II", é fazer com que o espaço também seja, ele mesmo, um performer", afirma Kusch. Câmeras ao vivo captam cenas que serão exibidas nas paredes e em telas.
Além desses aparatos, os sensores que apreendem os movimentos de Marie-Claude Poulin e Line Nault, conta Martin Kusch, foram desenvolvidos especialmente por engenheiros para tal finalidade artística, o que estreitaria, ainda mais, as relações imbricadas entre arte e tecnologia na pesquisa que o conjunto realiza.