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ILUSTRADA
Espaço abriga cerca de 1.700 obras da coleção de 35 mil livros da biblioteca particular de Haroldo de Campos
Casa das Rosas reabre sem 95% do acervo
ISABELLE MOREIRA LIMA
DA REPORTAGEM LOCAL
Uma ponta de decepção deve
ter acompanhado os mais ansiosos visitantes da nova sede da biblioteca do poeta e tradutor Haroldo de Campos (1929-2003), em
seu primeiro dia de funcionamento. Reaberta na manhã de ontem, depois de ampla divulgação
e alguma polêmica gerada por artistas visuais que utilizavam o espaço, a Casa das Rosas não ofereceu ao público os 35 mil volumes
da coleção de Campos doados ao
Estado pela família. Em seu lugar,
uma amostra de cerca de 1.700 livros, organizados na primeira sala da casa.
O restante das publicações, segundo Frederico Barbosa, poeta e
diretor da Casa das Rosas - Espaço Haroldo de Campos de Poesia
e Literatura -como foi rebatizado-, já estão no local, mas em fase de análise e catalogação por um
grupo especialistas, e só devem ficar disponíveis para a consulta
pública "no decorrer de 2005".
A impressão de improviso foi
reforçada pelo discurso da secretária de Estado da Cultura, Claudia Costin, que disse que os "retoques finais" foram feitos às 6h de
ontem. Depois, à reportagem, negou que houvesse qualquer tipo
de "pressa" para a inauguração e
afirmou que todo o acervo "já está
pronto" -mesmo com a falta de
mais de 33 mil volumes, principalmente os mais raros (veja quadro ao lado).
A partir de março, o tipo de consulta da biblioteca também pode
causar frustração. Para conseguir
ver os livros mais raros, com anotações do poeta, é preciso vencer
um conselho formado por membros indicados pelo Estado e por
sua família ou se contentar com o
catálogo-índice de todos os itens
do acervo, ainda em preparação.
Em seu primeiro mês, além da
versão reduzida da biblioteca de
Haroldo de Campos, a Casa das
Rosas oferece uma outra, circulante (onde é possível retirar livros mediante uma inscrição), e
uma livraria voltada, principalmente, à poesia. "Queremos também abrir espaço para as pessoas
que publicam sem editora",
acrescenta Frederico Barbosa.
Em janeiro do ano que vem, a
programação de oficinas e cursos
deve ser definida, para que, em
março, comece a ser executada.
Barbosa citou oficinas de linguagem poética, de haicai (poemas
japoneses curtos), de sonetos e de
poesia virtual, com duração de até
um semestre, ministradas por
poetas de diversas partes do país.
"A programação será pensada para manter a poesia viva. A idéia da
casa não é de virar um museu",
explica o diretor.
Para reformar a Casa das Rosas
e montar o espaço em homenagem a Campos, a Secretaria de Estado da Cultura gastou R$ 200 mil
e fez parcerias com a Imprensa
Oficial -que montou a livraria-
e com o Itaú Cultural, que usou
R$ 40 mil para a instalação de
uma sala de vídeo, ainda a ser
montada, onde serão ministrados
os cursos. "Mas o mais importante é que a família doou o acervo ao
Estado", completa Barbosa.
A Casa das Rosas - Espaço Haroldo de Campos de Poesia e Literatura está localizada na avenida
Paulista, 37, Paraíso, tel. 3285-6986. A visitação, que é gratuita,
pode ser feita de terça a domingo,
das 10h às 18h.
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