São Paulo, sexta-feira, 10 de dezembro de 2004

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ILUSTRADA

Espaço abriga cerca de 1.700 obras da coleção de 35 mil livros da biblioteca particular de Haroldo de Campos

Casa das Rosas reabre sem 95% do acervo

ISABELLE MOREIRA LIMA
DA REPORTAGEM LOCAL

Uma ponta de decepção deve ter acompanhado os mais ansiosos visitantes da nova sede da biblioteca do poeta e tradutor Haroldo de Campos (1929-2003), em seu primeiro dia de funcionamento. Reaberta na manhã de ontem, depois de ampla divulgação e alguma polêmica gerada por artistas visuais que utilizavam o espaço, a Casa das Rosas não ofereceu ao público os 35 mil volumes da coleção de Campos doados ao Estado pela família. Em seu lugar, uma amostra de cerca de 1.700 livros, organizados na primeira sala da casa.
O restante das publicações, segundo Frederico Barbosa, poeta e diretor da Casa das Rosas - Espaço Haroldo de Campos de Poesia e Literatura -como foi rebatizado-, já estão no local, mas em fase de análise e catalogação por um grupo especialistas, e só devem ficar disponíveis para a consulta pública "no decorrer de 2005".
A impressão de improviso foi reforçada pelo discurso da secretária de Estado da Cultura, Claudia Costin, que disse que os "retoques finais" foram feitos às 6h de ontem. Depois, à reportagem, negou que houvesse qualquer tipo de "pressa" para a inauguração e afirmou que todo o acervo "já está pronto" -mesmo com a falta de mais de 33 mil volumes, principalmente os mais raros (veja quadro ao lado).
A partir de março, o tipo de consulta da biblioteca também pode causar frustração. Para conseguir ver os livros mais raros, com anotações do poeta, é preciso vencer um conselho formado por membros indicados pelo Estado e por sua família ou se contentar com o catálogo-índice de todos os itens do acervo, ainda em preparação.
Em seu primeiro mês, além da versão reduzida da biblioteca de Haroldo de Campos, a Casa das Rosas oferece uma outra, circulante (onde é possível retirar livros mediante uma inscrição), e uma livraria voltada, principalmente, à poesia. "Queremos também abrir espaço para as pessoas que publicam sem editora", acrescenta Frederico Barbosa.
Em janeiro do ano que vem, a programação de oficinas e cursos deve ser definida, para que, em março, comece a ser executada. Barbosa citou oficinas de linguagem poética, de haicai (poemas japoneses curtos), de sonetos e de poesia virtual, com duração de até um semestre, ministradas por poetas de diversas partes do país. "A programação será pensada para manter a poesia viva. A idéia da casa não é de virar um museu", explica o diretor.
Para reformar a Casa das Rosas e montar o espaço em homenagem a Campos, a Secretaria de Estado da Cultura gastou R$ 200 mil e fez parcerias com a Imprensa Oficial -que montou a livraria- e com o Itaú Cultural, que usou R$ 40 mil para a instalação de uma sala de vídeo, ainda a ser montada, onde serão ministrados os cursos. "Mas o mais importante é que a família doou o acervo ao Estado", completa Barbosa.
A Casa das Rosas - Espaço Haroldo de Campos de Poesia e Literatura está localizada na avenida Paulista, 37, Paraíso, tel. 3285-6986. A visitação, que é gratuita, pode ser feita de terça a domingo, das 10h às 18h.


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