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Música
Wanderléa volta ao palco com CD "Nova Estação"
Após 16 anos sem gravar, cantora "volta às origens" com CD sem faixas inéditas
Com carreira que estourou
na época da jovem guarda,
Wanderléa afirma que era
impossível deixar a
indústria naquela época
AUDREY FURLANETO
DA REPORTAGEM LOCAL
Wanderléa foi convidada para ser cantora de axé. Achou estranho subir ao palco e fazer
passos coreografados -"eu
sempre voei no palco, nunca fui
programada", diz. Entre os que
considera "convites indecorosos", negou também um para
cantar lambadas. "Lambada?
Eu não tenho nada com essa
coisa de lambada! Tô fora", ela
disse à gravadora que convidou.
"Não tenho nada contra, mas a
gente tem uma personalidade,
um conceito para o público."
Para preservar a "personalidade", ficou 16 anos sem gravar
-fez, em 2003, o institucional
"O Amor Sobreviverá", trabalho filantrópico, mas não o considera álbum de sua carreira-
até chegar ao repertório de
"Nova Estação", que lança pela
Lua Music, com shows em São
Paulo, no teatro Cosipa.
De lenço alaranjado com detalhes cor-de-rosa, botinha
marrom e calça jeans, ela ensaia alguns passos de samba em
"Adeus, América", de João Gilberto. "O samba mandou me
chamar", canta, abusando do
grave, durante um ensaio. Em
seguida, já está em "My Funny
Valentine", de Rodgers e Hart,
famosa na voz de Chet Baker.
Do clássico do jazz, pula para a
balada pop "Se Tudo Pode
Acontecer", de Arnaldo Antunes, e "Chiclete com Banana",
de Jackson do Pandeiro.
"Fiquei fora do mercado fonográfico, mas gravando em casa, o tempo inteiro, aquilo que
me dava prazer de fazer", conta.
"Os convites não eram legais.
Primeiro, não tinha músicas
tão legais para fazer um disco
de inéditas. E também, me vendo sempre como uma grande
vendedora de discos, as pessoas
chegavam pra mim querendo
emplacar no mercado."
Lançar "Nova Estação", diz, é
como "voltar às origens" de
crooner de conjunto de baile.
"Eu trago para esse disco uma
maturidade que eu consegui lá
quando menina." Por "menina", ela se refere ao tempo anterior ao da jovem guarda.
De volta ao baile
Depois de ganhar um concurso aos 9 anos como "a mais
bela voz infantil", Wanderléa
conseguiu um contrato com a
gravadora Columbia -atual
Sony. Engavetou o contrato,
pois seu pai, "um senhor austero de família libanesa", achou
"psicologicamente perigoso" a
filha se transformar em "menina prodígio". Em 1962, aos 16, a
gravadora resgatou o contrato
-"queriam uma artista jovem,
para fazer música jovem. A
Celly Campelo tinha parado. Já
tinha o Roberto Carlos". Ela,
então, gravou o primeiro disco:
de um lado, rock; do outro, o
blues "Tell Me How Long".
"Aí aconteceu isso, né? Explodiu no Brasil todo. Eu tive
de reformular tudo o que eu fazia antes. Era uma coisa nova",
diz. Lá se foi a carreira de crooner de conjunto de baile, substituída pela de pop star. "Minha
música foi ficando."
Foi, então, "arrastada" pela
jovem guarda? "Não dava para
escapar [do rótulo de roqueira
da jovem guarda]. O sucesso era
muito grande. Eu queria experimentar outras coisas, mas a
indústria da época era uma coisa poderosa. Tinha compromissos, compromissos, compromissos e shows e coisas e
não parava mais. Então, nunca
deu para dar uma mexida, uma
reformulada no trabalho." Só
agora, perto dos 40 anos de carreira, ela conseguiu: "Foi bonito, foi uma história bacana. E,
agora, eu me sinto no direito de
fazer o que eu tenho vontade".
WANDERLÉA - NOVA ESTAÇÃO
Quando: sex., 21h30; sáb., 21h;
dom., 18h30
Onde: teatro Cosipa (av. do Café, 277;
tel. 0/xx/11/5070-7018)
Quanto: R$ 30
Classificação indicativa: livre
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