São Paulo, quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

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CONEXÃO POP

Os passos do dubstep


Gênero surgido na periferia britânica é responsável por coisas das mais interessantes da eletrônica

THIAGO NEY
DA REPORTAGEM LOCAL

APARECEU PRA valer em 2007 e ganhou corpo neste 2008.
Nos últimos dois anos, oito de cada dez coisas realmente interessantes saíram de dentro do chamado dubstep.
Em 2007, recebemos um soco na cara com "Untrue" -disco do então desconhecido produtor inglês Burial-, que reunia batidas sombrias, às vezes rápidas, às vezes lentas e pesadas, com atmosfera cataclísmica.
Lembrava trip hop, drum'n'bass, hip hop, tecno experimental, dub amplificado... Tudo isso, mas nada disso -após "Untrue", não dava mais para ignorar o dubstep.
Surgido na periferia de centros urbanos ingleses no início dos anos 2000, o dubstep é música para os novos tempos -mistura uma infinidade de influências, reprocessa referências aparentemente díspares e cria algo surpreendente e original.
No dubstep, o baixo aparece alto, as batidas são normalmente esparsas, e o clima é dark. Uma das embaixatrizes do gênero, que ganha cada vez mais adeptos, é a DJ Mary Anne Hobbs, da Radio 1 britânica.
Hobbs comanda na rádio um programa que é das principais vitrines para essa música. E, em 2007, ela fez a curadoria de uma noite de dubstep no festival espanhol Sónar, em que escalou nomes como Kode 9 e Skream, que tocaram para mais de 8.000 pessoas.
A DJ dirigiu também um minidocumentário sobre a cena. Dá para assistir ao trailer no YouTube (digite na busca "Mary", "Anne", "Hobbs", "dubstep").
Outro filme sobre o gênero é "Dubfiles", que já circula em sites de torrents. "Dubfiles" ganhou casa oficial no MySpace (www.myspace.com/dubfilesdvd).
Há várias provas de que o dubstep já rompeu barreiras com outros estilos. "Blood on My Hands", faixa do produtor Sam Shackleton (proprietário do recomendadíssimo selo Skull Disco), ganhou espaço em set de Ricardo Villalobos (tecno, minimal, house). A alemã Ellen Allien declarou ser influenciada pelos timbres do dubstep.

 

Em 2008, um nome curioso recebeu tratamento elogioso de jornais e revistas europeus. O do produtor e DJ Benga. Ele é o responsável por um dos mais originais discos recentes, "Diary of an Afro Warrior" -além disso, ele é autor da faixa "Night", uma espécie de porta de entrada para quem não conhece o gênero.
"Diary of an Afro Warrior", já circulando pela internet, traz petardos sonoros como "Crunked Up" e "26 Basslines". O dubstep está aí.
Só não vê quem não quer.
 

Na semana que vem, será dia da tradicional escolha de melhores do ano. Mande sugestões não apenas para melhor disco, melhor música, melhor banda nacional, mas também para o babado do ano, o pior visual ou qualquer outra categoria que não possa faltar na lista!

thiago.ney@grupofolha.com.br


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