São Paulo, sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

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Após três anos de espera, estreia filme de Belmonte

Grande vencedor do Festival de Brasília em 2007, "Meu Mundo em Perigo" não conseguia atrair distribuidores

Nesse tempo, cineasta filmou e lançou outro longa e já entrou na pré-produção de comédia com Grazi Massafera

ANA PAULA SOUSA
DE SÃO PAULO

"Sabe que esse é o filme do qual eu mais gosto?", diz, mal começa a entrevista, o cineasta José Eduardo Belmonte. A frase não deixa de ser surpreendente.
Apresentado no Festival de Brasília há exatos três anos, "Meu Mundo em Perigo" poderia ter se tornado, ao invés de filho predileto, o filho-problema do cineasta.
Apesar de ter deixado o festival com quatro prêmios nas mãos - inclusive o de melhor filme segundo a crítica-, Belmonte simplesmente não conseguia lançar comercialmente o título.
De 2007 para cá, ele filmou e lançou "Se Nada Mais Der Certo" (2008) e entrou na pré-produção de "Billy Pig", com Selton Mello e Grazi Massafera, que será rodado em fevereiro do ano que vem.
"Quando ia falar com os distribuidores, eu ouvia coisas como "Ah, é muito triste", ou "É muito restrito", "É muito radical". Só não ouvi que era muito ruim", brinca.
Fato é que, de não em não, o tempo correu e, um ano depois, as energias de Belmonte estavam voltadas para "Se Nada Mais Der Certo".

MATURAÇÃO
"Mas é engraçado. Agora me parece que o filme está sendo lançado na hora certa", diz. "Ele fala sobre a maneira como as pessoas lidam com a violência do outro. Nestes dias em que se dá vivas ao Exército, o filme traz um olhar íntimo e humano sobre a violência."
O roteiro, feito por Belmonte e Mário Bortolotto, coloca em quadro personagens com as emoções à flor da pele. Tão intensas quanto as histórias de cada um deles é a câmera do diretor, sempre em busca do close, do limite.
"É um filme de excessos. Mas eu resolvi remixá-lo e ele ficou até mais tranquilo", diz o diretor, que reduziu o ruído de algumas cenas.
Belmonte ainda gosta do que fez. Mas seu carinho pelo filme parece vir também da memória. "Foi o filme mais tranquilo que fiz. As duas semanas de filmagens foram ótimas", diz ele, que trabalhou com equipe de 11 pessoas e dinheiro escasso. "A falta de quase tudo proporcionou uma espécie de desapego, de ausência de egos."
Enfim, uma distribuidora, recém-chegada ao mercado e dedicada ao cinema nacional, proporcionará o partilhamento dessa experiência com o público.


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