São Paulo, sexta-feira, 10 de dezembro de 2010 |
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CRÍTICADRAMA Trama trágica de dor exacerbada anula a empatia do espectador ALEXANDRE AGABITI FERNANDEZ COLABORAÇÃO PARA A FOLHA Rodado em 2007, "Meu Mundo em Perigo", terceiro longa de José Eduardo Belmonte, segue na contramão das convenções, seja na temática ou na linguagem. O filme recebeu quatro prêmios no Festival de Brasília daquele ano: crítica, melhor ator (Eucir de Souza), melhor ator coadjuvante (Milhem Cortaz) e prêmio Saruê (do "Correio Braziliense"). Como os outros filmes de Belmonte, este tem uma galeria de tipos perturbados que vivem em universos fechados. Expõe situações opressivas com grande liberdade de tom, que provoca desconforto e exige esforço. A trama articula o encontro de três personagens, todos em crises relacionadas com a figura paterna. Elias (Souza) é um fotógrafo desempregado que perde a guarda do filho e entra em desespero. À deriva, ele se embriaga e atropela alguém. Depois conhece a misteriosa Ísis (Rosanne Mulholland), que se isola do mundo para esquecer estranhos rituais que a mãe fazia no aniversário da morte de seu pai. A terceira figura é Fito (Cortaz), outro desempregado, sempre humilhado pelo pai, que ainda abusa da mulher do filho, sem que este esboce a menor reação. Quando o pai morre, Fito resolve fazer justiça, mas é tarde. Vítimas de si mesmos, os três personagens são incapazes de romper o círculo infernal em que estão metidos. Não há redenção possível, a tragédia é inevitável. O problema é que a tragédia tem páthos demais: os personagens suscitam apenas a comiseração do espectador, que não se solidariza com o sofrimento deles. O desequilíbrio dos personagens contamina a linguagem, estabelecendo uma estética agressiva. Isto se manifesta na câmera em constante movimento, que acompanha os personagens em close para melhor captar suas angústias, estratégia de resultados discutíveis; na trilha sonora que inclui Caetano Veloso, música de candomblé e Janis Joplin -sempre em volume desagradavelmente alto, contrastando com o laconismo dos personagens; na oposição entre o espaço da praia -memória do passado- e o labirinto do hotel vagabundo onde Elias conhece Ísis. MEU MUNDO EM PERIGO DIREÇÃO José Eduardo Belmonte PRODUÇÃO Brasil, 2007 COM Eucir de Souza, Rosane Mulholland e Milhem Cortaz ONDE no cine Belas Artes CLASSIFICAÇÃO 14 anos AVALIAÇÃO regular Texto Anterior: Após três anos de espera, estreia filme de Belmonte Próximo Texto: Estreias apresentam mineiros ao público Índice | Comunicar Erros |
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