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RELÂMPAGOS
Aventureiro
JOÃO GILBERTO NOLL
Alguém, pressentindo minha presença, escapara.
Quem me abria a porta? Uma
sombra para quem soltei um
murcho oi. Logo percebi a tal
ausência. Ao farejar minha
chegada, não suportara o vislumbre do encontro, desabalando-se pela escada. Um cão
latia para a alma fugitiva, nessas alturas talvez já dormitando em sua desvairada evasão.
No banheiro, curvado sobre a
privada, sem qualquer conteúdo para lançar, procurei
desvendar o que em mim deveria ter provocado aquela retirada. "Hein?", perguntei ao
meu inexistente reflexo no regato da descarga. Bateram na
porta. Abri. "É você?", disparei. A criatura falou que não.
Eu teria entrado na casa errada? Não seria tarde demais
para assumir o engano? Arrotei, como se desfrutando da
intimidade do melhor amigo.
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