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O HOMEM BICENTENÁRIO
Robô também chora em "Bicentenário"
PAULO VIEIRA
especial para a Folha
Como Andrew, o protagonista
de "O Homem Bicentenário", vai
viver 200 anos, até que não sofremos tanto com os 130 minutos de
projeção. Podia ser mais. Adaptado de um conto de Isaac Asimov,
o homem em questão começa sua
vida andróide encarregado de tarefas domésticas na casa de um liberal de vida fácil americano e termina Matusalém, tendo renunciado à imortalidade.
O potencial lacrimoso do argumento, já se vê, é enorme. E Chris
Columbus não quer perder de
vista, nem por um segundo, os
US$ 100 milhões investidos.
Columbus usa recursos que talvez se imponham sozinhos no cinema americano: panorâmicas,
zoons alternados, cordas de orquestra por longos minutos. Piadas, claro, evidenciando a confusão, contradição e imprevisibilidade da condição humana. Robin
Williams, eclipsado pela própria
roupa que enverga na primeira
parte do filme, dá show de dicção
e movimentos robóticos. Seu desafio é revelar-se inexpressivo, tarefa dura para canastrões.
Apesar da tradução esdrúxula
para o português do título -nos
remete a festas cívicas paulistas-
,
"O Homem" vai fazer sucesso.
Andrew cabala o tempo todo a
simpatia do espectador em sua
ânsia por ter seu coração "humano" reconhecido. Chega mesmo a
enfurnar-se num tribunal, lutando para ser admitido no reino dos
homens. "O Homem", por suas
qualidades técnicas, pela linearidade do roteiro e por suas ambições comerciais, é o tipo de filme
que o cinema brasileiro jamais sonhou em produzir. Há sempre os
que acham isso um problema.
Avaliação:
Filme: O Homem Bicentenário
Direção: Chris Columbus
Produção: EUA, 99 (130 min)
Com: Robin Williams, Sam Neill, Oliver
Platt, Embeth Davidtz
Onde: a partir de hoje, nos cines Belas
Artes, Paulista 2 e circuito
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