São Paulo, sexta-feira, 11 de fevereiro de 2000


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TRÊS REIS
Guerra do Golfo vai a Hollywood

LIA PIMENTA
especial para a Folha

Depois de Vietnã e Segunda Guerra Mundial, chegou a vez da Guerra do Golfo virar cenário para um filme de ação hollywoodiano. Estréia hoje "Três Reis", que conta a história de quatro soldados americanos que passam a guerra em bases militares enquanto as batalhas são travadas pelo ar. Quando o cessar-fogo é decretado, antes de voltar para casa eles decidem procurar o ouro que Saddam Hussein roubou do governo do Kuwait.
Ao ser lançado nos EUA, no ano passado, o filme foi rondado por uma polêmica. Especulou-se que um cadáver verdadeiro tivesse sido usado em uma cena em que o interior de um corpo humano é perfurado por uma bala. George Clooney defendeu o uso de um cadáver para criticar a violência, mas o diretor e roteirista David O. Russell desmentiu a história.
A produção de US$ 40 milhões foi apenas o terceiro filme de Russell, que antes tinha dirigido duas comédias. Ele falou sobre essa experiência no ano passado em Nova York.

Pergunta - Até que ponto o filme foi baseado em fatos reais da Guerra do Golfo?
David O. Russell -
Eu assisti muito material jornalístico da época e tive ajuda do Exército dos EUA e de refugiados iraquianos. Três oficiais americanos que estiveram no Golfo foram consultores durante as filmagens. Um deles, major Jim Parker, que morreu de câncer antes do filme ser terminado, contou histórias que influenciaram o roteiro. Foi ele quem viu os soldados chorando no fim da guerra, porque, apesar de saírem vitoriosos, perceberam que tinham deixado um ditador no poder que estava matando os rebeldes do seu próprio povo que tinha apoiado os EUA.

Pergunta - Você quis ensinar para as pessoas um lado da guerra que elas não conheciam?
Russell -
Eu não usaria a palavra ensinar. Queria fazer um filme de aventura para divertir e arrepiar as pessoas com as cenas de ação. Me inspirei em outros filmes de guerra que eu adoro, mas gosto do fato de esse ser o único de que eu me lembro com bombas de gás e carros luxuosos no meio do deserto. Mas há verdades nessa guerra que eu espero mostrar.

Pergunta - Por que você escolheu uma estética diferente?
Russell -
Em "Três Reis", eu queria correr riscos, nos meus outros dois filmes eu fui muito comportado. Eu queria que ele tivesse algo de jornalismo, para parecer realístico, por isso usei muita câmera na mão. A história é caótica e eu queria que a imagem desse a sensação de um outro mundo. Para fazer com ele ficasse com uma cor surreal, usamos filme ektachrome (filme para slide fotográfico), o que o estúdio não queria permitir porque nenhum filme desse porte jamais tinha usado essa técnica. Mas bati o pé.


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