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TRÊS REIS
Guerra do Golfo vai a Hollywood
LIA PIMENTA
especial para a Folha
Depois de Vietnã e Segunda
Guerra Mundial, chegou a vez da
Guerra do Golfo virar cenário para um filme de ação hollywoodiano. Estréia hoje "Três Reis", que
conta a história de quatro soldados americanos que passam a
guerra em bases militares enquanto as batalhas são travadas
pelo ar. Quando o cessar-fogo é
decretado, antes de voltar para casa eles decidem procurar o ouro
que Saddam Hussein roubou do
governo do Kuwait.
Ao ser lançado nos EUA, no ano
passado, o filme foi rondado por
uma polêmica. Especulou-se que
um cadáver verdadeiro tivesse sido usado em uma cena em que o
interior de um corpo humano é
perfurado por uma bala. George
Clooney defendeu o uso de um
cadáver para criticar a violência,
mas o diretor e roteirista David O.
Russell desmentiu a história.
A produção de US$ 40 milhões
foi apenas o terceiro filme de Russell, que antes tinha dirigido duas
comédias. Ele falou sobre essa experiência no ano passado em Nova York.
Pergunta - Até que ponto o
filme foi baseado em fatos reais
da Guerra do Golfo?
David O. Russell - Eu assisti
muito material jornalístico da
época e tive ajuda do Exército dos
EUA e de refugiados iraquianos.
Três oficiais americanos que estiveram no Golfo foram consultores durante as filmagens. Um deles, major Jim Parker, que morreu
de câncer antes do filme ser terminado, contou histórias que influenciaram o roteiro. Foi ele
quem viu os soldados chorando
no fim da guerra, porque, apesar
de saírem vitoriosos, perceberam
que tinham deixado um ditador
no poder que estava matando os
rebeldes do seu próprio povo que
tinha apoiado os EUA.
Pergunta - Você quis ensinar
para as pessoas um lado da
guerra que elas não conheciam?
Russell - Eu não usaria a palavra
ensinar. Queria fazer um filme de
aventura para divertir e arrepiar
as pessoas com as cenas de ação.
Me inspirei em outros filmes de
guerra que eu adoro, mas gosto
do fato de esse ser o único de que
eu me lembro com bombas de gás
e carros luxuosos no meio do deserto. Mas há verdades nessa
guerra que eu espero mostrar.
Pergunta - Por que você escolheu uma estética diferente?
Russell - Em "Três Reis", eu
queria correr riscos, nos meus outros dois filmes eu fui muito comportado. Eu queria que ele tivesse
algo de jornalismo, para parecer
realístico, por isso usei muita câmera na mão. A história é caótica
e eu queria que a imagem desse a
sensação de um outro mundo.
Para fazer com ele ficasse com
uma cor surreal, usamos filme ektachrome (filme para slide fotográfico), o que o estúdio não queria permitir porque nenhum filme desse porte jamais tinha usado essa técnica. Mas bati o pé.
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