São Paulo, sexta-feira, 11 de fevereiro de 2000


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Thompson não gostava de textos "sérios'

especial para a Folha

Hunter S. Thompson, ou "Doutor Hunter", como é conhecido, é uma das figuras seminais da contracultura americana desde os anos 70. Classificá-lo é uma tarefa difícil. Há quem o chame de "jornalista", mas isso seria como classificar Pelé de "meia-esquerda". Thompson fez mais do que jornalismo: fez a crônica de uma época, de maneira pessoal. Seus textos, especialmente os escritos para a revista "Rolling Stone", inauguraram um tipo de jornalismo, o "gonzo", mistura de fato e ficção em que a verdade não importava tanto quanto as impressões do autor.
Enviado pela "Rolling Stone" para cobrir a luta de Muhammad Ali e George Foreman no Zaire, em 1974, fez o artigo da piscina, descrevendo seus dias na miserável Kinshasa. Nem foi à luta.
Não tinha paciência para escrever artigos "sérios". Preferia beber uísque e tomar drogas.
Hunter sonhava em escrever o "grande romance americano". Seu primeiro livro, "Hell's Angels: A Strange and Terrible Saga", contava suas aventuras ao lado de um grupo de motoqueiros barra-pesada.
Em 1972, Hunter lançou seu livro mais famoso, "Fear and Loathing in Las Vegas" (no Brasil, "Las Vegas na Cabeça"), diário de uma viagem lisérgica pelos hotéis e cassinos da cidade. Muitos já haviam tentado adaptar o livro para o cinema, mas haviam esbarrado na absoluta falta de uma linearidade na história. Terry Gilliam, sujeito tão excêntrico quando Hunter, arriscou-se a penetrar na alma do "Doutor". O resultado, como tudo que Hunter já fez, é esquisito e original. (ANDRÉ BARCINSKI)


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