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Thompson não gostava de textos "sérios'
especial para a Folha
Hunter S. Thompson, ou
"Doutor Hunter", como é
conhecido, é uma das figuras seminais da contracultura americana desde os anos
70. Classificá-lo é uma tarefa
difícil. Há quem o chame de
"jornalista", mas isso seria
como classificar Pelé de
"meia-esquerda". Thompson fez mais do que jornalismo: fez a crônica de uma
época, de maneira pessoal.
Seus textos, especialmente
os escritos para a revista
"Rolling Stone", inauguraram um tipo de jornalismo,
o "gonzo", mistura de fato e
ficção em que a verdade não
importava tanto quanto as
impressões do autor.
Enviado pela "Rolling Stone" para cobrir a luta de Muhammad Ali e George Foreman no Zaire, em 1974, fez o
artigo da piscina, descrevendo seus dias na miserável
Kinshasa. Nem foi à luta.
Não tinha paciência para
escrever artigos "sérios".
Preferia beber uísque e tomar drogas.
Hunter sonhava em escrever o "grande romance americano". Seu primeiro livro,
"Hell's Angels: A Strange
and Terrible Saga", contava
suas aventuras ao lado de
um grupo de motoqueiros
barra-pesada.
Em 1972, Hunter lançou
seu livro mais famoso, "Fear
and Loathing in Las Vegas"
(no Brasil, "Las Vegas na Cabeça"), diário de uma viagem lisérgica pelos hotéis e
cassinos da cidade. Muitos já
haviam tentado adaptar o livro para o cinema, mas haviam esbarrado na absoluta
falta de uma linearidade na
história. Terry Gilliam, sujeito tão excêntrico quando
Hunter, arriscou-se a penetrar na alma do "Doutor". O
resultado, como tudo que
Hunter já fez, é esquisito e
original.
(ANDRÉ BARCINSKI)
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