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Autor desfila na Império Serrano com "Brasil real"
DO ENVIADO A RECIFE
Vida imita arte e arte imita
vida e não se sabe mais quando
uma deixará de reproduzir a
outra quando o assunto é "A
Pedra do Reino".
O romance mais importante
de Ariano Suassuna "arteirizou" o episódio real do massacre da comunidade da Pedra
Bonita. Em 1838, um grupo de
religiosos da fronteira de Pernambuco e Paraíba, inspirados
no mito português do sebastianismo, cometeu suicídio coletivo atendendo ao clamor do líder deles, João Ferreira.
Depois que Suassuna transformou o episódio em romance, uma pequena comunidade
em São José do Belmonte, a 480
quilômetros de Recife, resolveu
criar um rito inspirado no que
ali era descrito.
Em 1993 nasceu a Cavalgada
à Pedra do Reino, que todos os
anos leva cerca de 800 vaqueiros a galoparem 30 quilômetros paramentados com roupas
descritas por Suassuna.
Hoje, no Sambódromo carioca, essa releitura da releitura
feita pelo escritor no romance
ganha nova dramatização.
Ariano Suassuna desfilará
como Imperador da Pedra do
Reino, "título" que a Associação Cultural Pedra do Reino
deu ao autor em 1995.
Na homenagem feita ao escritor pela Império Serrano estarão também sua mulher, Zélia, como imperatriz, e um segundo casal de "nobres".
A pedidos de Suassuna foram
colocados no carro alegórico
no qual ele desfila dois tronos
para a veterana sambista Ivone
Lara e o boiadeiro Zeca Miron,
85, "o vaqueiro mais velho do
sertão que participa da cavalgada da Pedra do Reino".
A homenagem a esses "imperadores do Brasil real" foi a
condição imposta pelo autor
para que desfilasse na escola.
"No início, vi com reservas. O
que me entusiasma no Carnaval é o popular. Lá não se trata
disso. É espetáculo de massa."
Recentemente, porém, em visita ao Rio, o autor teve contato
com alas de crianças e das baianas da Império Serrano. "Vi,
então, a mesma energia naquelas pessoas e percebi que, com
toda deformação que se fizesse,
a força do Brasil real estava presente. E disse: "Eu vou"."
(CEM)
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