ALEXANDRA MORAES
DA REDAÇÃO

Em 1913, Registro (SP, a 187 km da capital) recebia os primeiros japoneses, que chegaram ali para trabalhar na lavoura e impulsionaram o desenvolvimento socioeconômico da região.
Um de seus principais empreendimentos foi um bloco de quatro armazéns em estilo inglês. Construído em 1918 pela Kaigai Kogyo Kabushiki Kaisha (Companhia de Desenvolvimento Ultramarino), que havia sido criada em Tóquio para apoiar as colônias no Brasil, o conjunto de armazéns foi tomado dos japoneses por causa do alinhamento nipônico com o Eixo, na Segunda Guerra, e pouco mais de 20 anos depois de sua construção já estava abandonado.
"Encontramos esse conjunto em péssimo estado de conservação", afirma Francisco Fanucci, arquiteto que com Marcelo Ferraz comanda a Brasil Arquitetura, empresa responsável pela restauração do prédio. Iniciada em 2000, a restauração foi inaugurada com a merecida pompa em 26 de janeiro deste ano, com a presença de cerca de 2.000 pessoas. "Fizemos verdadeiras "obturações" nos tijolos, recuperamos um a um. Chamamos as olarias para reproduzir exatamente as cores e as texturas", explica Fanucci. "Mas a gente não tentou copiar nada", ressalva. Segundo o arquiteto, tudo o que há no espaço "ou já estava lá antes ou é novo. Não é um restauro no sentido ortodoxo. Preferimos chamar de uma recuperação", diz ele, referindo-se à incorporação de novidades, como um elevador para deficientes físicos e uma nova marquise em concreto. O prédio, tombado pelo Condephaat (Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico), hoje abriga o Centro de Formação Continuada de Gestores da Secretaria de Estado da Educação (Cenforgest) e o Memorial da Imigração Japonesa, com uma exposição até 28 de abril de objetos relacionados à imigração japonesa e obras de artistas nipo-brasileiros como Manabu Mabe, Tomie Ohtake e Yutaka Toyota.