São Paulo, segunda-feira, 11 de fevereiro de 2008

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"Tropa de Elite" estréia hoje no festival de Berlim

Longa de José Padilha sobre o Bope, em competição com outros 20 longas, é citado como o novo "Cidade de Deus"

Diretor tenta vender novo roteiro sobre consumo de drogas no Rio e fala de documentário sobre a fome e filme sobre políticos

SILVANA ARANTES
ENVIADA ESPECIAL A BERLIM

O longa-metragem "Tropa de Elite", concorrente brasileiro ao Urso de Ouro no 58º Festival de Berlim, faz hoje sua estréia no evento. A sessão oficial competitiva, na sala de projeção do Berlinale Palast, sede da disputa, ocorre às 16h (13h, no horário de Brasília).
Estarão presentes o diretor, José Padilha, e parte da sua equipe -os atores Wagner Moura (Capitão Nascimento) e Maria Ribeiro (Rosane, a mulher do capitão), o fotógrafo Lula Carvalho e o produtor do filme e sócio de Padilha, o cineasta Marcos Prado ("Estamira").
Os outros dois filmes da competição (entre 21 longas) programados para hoje são o alemão "Kirschblüten - Hanami" (o desabrochar das cerejas), de Doris Dörrie, uma tragicomédia sobre a vida amorosa de um homem, e o chinês "Man Jeuk" (o pardal), de Johnnie To, sobre jovens delinqüentes.
O festival anuncia os vencedores e entrega seus prêmios no próximo sábado.
No fim de semana passado, "Tropa de Elite" começou a ganhar a atenção da imprensa internacional em Berlim. A revista "Hollywood Reporter" citou-o como o título "que está sendo promovido como o novo "Cidade de Deus'".
A "Screen" publicou no sábado entrevista com Padilha, em que ele afirma: "[No Brasil] Muitas pessoas me pararam na rua para dizer que estavam gratas porque o filme dá à polícia o que ela merece. Obviamente, não foi o que tentei fazer".
"Tropa de Elite" aborda o consumo e a repressão ao tráfico no Rio sob a ótica de um capitão do Bope (Batalhão de Operações Policiais Especiais) da PM, que pretende deixar a função, mas não sem antes encontrar seu substituto.

"Fome"
Em busca de co-produtores e/ou distribuidores internacionais, Padilha e Prado trouxeram ao Mercado do Filme de Berlim, realizado paralelamente à competição, "um roteiro debaixo do braço", que volta a tratar do consumo de drogas no Rio, nos dias atuais e pela perspectiva dos usuários.
O filme, cujo título provisório foi "Posto 9", terá o nome de "Paraísos Artificiais" e será dirigido por Prado e produzido por Padilha. A produção de "Paraísos Artificiais", no entanto, não deve retardar a carreira de Padilha como diretor.
Ele já tem quase pronto o documentário "Fome", com o qual imagina "acender outro debate importante no Brasil, sobre os programas sociais".
Autor do multipremiado documentário "Ônibus 174", sobre o seqüestrador do coletivo no Rio, Padilha diz que "Fome" é um filme "ao contrário de todos" os seus anteriores, porque se filia ao cinema direto.
"Não há nenhuma análise sobre o problema da fome no filme. Ele mostra o tema pelo ponto de vista de quem passa fome, pura e simplesmente. Acho que esse ponto de vista é muito forte e foi ignorado", diz.

Política
Os políticos do Brasil serão tema de outro filme do diretor, cujo roteiro está sendo escrito pelo sociólogo Luiz Eduardo Soares, co-autor (com Rodrigo Pimentel e André Batista) de "Elite da Tropa", versão literária de "Tropa de Elite".
Inicialmente anunciado como "O Corruptólogo", o longa deverá chamar-se "Nunca Antes na História deste País".
Mas é provável que o próximo filme de Padilha seja uma produção hollywoodiana. Incluído em recente lista de "dez diretores a observar" da revista "Variety", Padilha diz que tem recebido muitas propostas dos Estados Unidos e tem interesse em dirigir em Hollywood.
"É a meca do cinema. Deve ser interessante você poder levar para o set uma tonelada de luz e refletores, não sei quantas gruas, e não ter que ficar fazendo conta. É uma espécie de parque de diversões do diretor. Eu gostaria de experimentar fazer um filme lá", afirma.
Já a produção da minissérie que daria continuação à história de "Tropa de Elite" não teve avanços. De acordo com Padilha, ainda não houve acordo com nenhuma das emissoras de TV interessadas no projeto. "Estamos conversando. Essa é uma coisa que tem que ser feita com calma e direito", diz.


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