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DISCOS CRÍTICA
Verve reedita clássicos
CARLOS CALADO
especial para a Folha
A PolyGram acaba de importar
dos EUA outro suplemento de
CDs da série Master Edition -um
novo formato criado pelo selo
Verve para reeditar destaques de
seu conceituado catálogo de jazz.
Com simpáticas capas de papel,
que reproduzem as velhas edições
em vinil, os CDs da série trazem
gravações restauradas com tecnologia digital de alta resolução.
Além de oferecer faixas-extras
(algumas nunca antes lançadas), o
requinte da Master Edition também se estende aos encartes, que
acrescentam fotos inéditas e textos
analíticos aos designs originais
desses álbuns.
Estrelados pelo pianista Bill
Evans, pela orquestra de Count
Basie e pela dupla Charlie Parker e
Dizzy Gillespie, os três CDs do pacote representam pontos altos do
jazz desenvolvido entre as décadas
de 30 e 60, nos EUA.
Apesar de ter sido gravado já em
1955, o álbum "April in Paris", da
Count Basie Orchestra, está inegavelmente ligado à estética dançante do swing e das "big bands", que
dominaram o cenário jazzístico
até meados dos anos 40.
Um dos maiores hits da orquestra, a faixa-título indica o alto grau
de sofisticação alcançado por Basie e suas "feras". O inovador arranjo de Wild Bill Davis, para a
canção de Vernon Duke, é realçado pela máquina de swing comandada por Basie.
E para os fanáticos por essa orquestra, a boa notícia: essa edição
inclui sete versões alternativas de
faixas como "Corner Pocket",
"Magic", "Midgets", "What Am
Here For" e "April in Paris".
Dois responsáveis indiretos pelo
ostracismo que encobriu as big
bands foram justamente o saxofonista Charlie Parker (1920-1955) e
o trompetista Dizzy Gillespie
(1917-1993), músicos essenciais na
criação do "bebop", o nervoso estilo que inaugurou o jazz moderno, em meados dos anos 40.
Exibindo gravações realizadas
em 1950, o CD "Bird and Diz" revive a irreverência e a grande dose
de inventividade que gerou o "bebop" -estampados nos solos incandescentes de Parker e Gillespie, em faixas como "Bloomdido"
ou "An Oscar for Treadwell".
Quatro diferentes versões de
"Leap Frog", três de "Relaxin'
with Lee" e duas de "Mohawk"
revelam escancaradamente como
a liberdade nos improvisos era essencial para os "beboppers".
Liberdade também era um conceito central na música de Bill
Evans (1929-1980), talvez o pianista de jazz mais cultuado durante as
últimas três décadas.
Em 1963, quando foi lançado, o
álbum "Conversations with
Myself" provocou muita polêmica. Os mais puristas não aceitavam
a idéia de um pianista tocando diferentes vozes, graças à hoje costumeira técnica do "overdub"
(que permite sobrepor outras gravações à inicial).
Combinando invenção e lirismo, faixas como "Round about
Midnight", "Stella by Starlight" e
"Bemsha Swing" provam que a
idéia de Evans não era ludibriar o
ouvinte, mas apenas tocar em trio
consigo mesmo. Mais uma vez os
puristas radicais trocaram música
de qualidade por preconceito.
Disco: Conversations with Myself
Artista: Bill Evans
Disco: Bird and Diz
Artistas: Charlie Parker e Dizzy Gillespie
Disco: April in Paris
Artista: Count Basie Orchestra
Lançamentos: Verve/PolyGram
(importados)
Quanto: R$ 22, cada CD, em média
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