São Paulo, quarta, 11 de fevereiro de 1998

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ARTES PLÁSTICAS
CD-ROM passeia por pintura modernista

FERNANDO OLIVA
da Redação

A pintura modernista brasileira não é tema assim tão árido que não possa ser encarado como um passeio por estilos, escolas, períodos e, sobretudo, quadros. E Lorena Calabria parece bastante à vontade no papel de cicerone do caminho traçado por nossas telas modernas de 1901 até 1953.
A desenvoltura da apresentadora do "Metrópolis" (TV Cultura) não é a única vantagem da "Enciclopédia da Pintura Modernista Brasileira de 1901 a 1953", que acaba de chegar às livrarias.
Didático, o CD-ROM divide esse percurso de 52 anos em cinco momentos (veja quadro nesta página), e Calabria nos diz como chegar a 171 quadros -trajeto incrementado pelo contexto histórico e panorama cultural de cada uma das épocas.
A enciclopédia, uma ferramenta interativa dirigida principalmente a não-iniciados, não é mera "exposição" das telas produzidas no período, mas um recorte que permite compreender momentos-chave do modernismo.
O período batizado "Variedade e Homogeneidade", por exemplo, associa a produção artística entre os anos de 1931 e 1940 ao que acontecia nas artes à época (Núcleo Bernardelli, Grupo Santa Helena), além de fornecer um paralelo com o momento histórico do país (início da Era Vargas).
Contemporâneos
Mas a verdadeira "sacada" do CD-ROM -e que constitui o seu diferencial- é a análise passo a passo dos quadros. Vinte e quatro pintores têm obras esquadrinhadas por geometria, composição, cores, representação e significado.
Essa interpretação passo a passo permite ver a tela sob uma perspectiva distinta da habitual -pelo menos tecnicamente, para quem não está habituado a observar pinturas com maior atenção.
Dentre as obras reproduzidas pelo CD-ROM, apenas seis pertencem a acervos particulares.
Para quem não se contenta com o suporte eletrônico, ou quer simplesmente rever a obra após tê-la analisado por meio do CD, a maioria das telas pode ser vista nos principais museus de São Paulo (Masp, MAM-SP, Pinacoteca, Museu Lasar Segall, MIS-SP, Instituto de Estudos Brasileiros-USP) e do Rio (Museu Nacional de Belas Artes e MAM-RJ).
Um reparo a ser feito é a ausência de análise profunda das obras de artistas importantes como Manabu Mabe, Arcangelo Ianelli, Oswaldo Goeldi e Mira Schendel.
A seleção de artistas do CD busca ser o mais abrangente possível -mas em tal quantidade que acaba incluindo nomes dispensáveis ou de importância discutível.
Quem, por exemplo, já ouviu falar do carioca Carlos Chambelland (1884-1950) ou do paraense Quirino Campofiorito (1902-1992)?
O glossário de termos artísticos é outro didatismo bastante útil e define expressionismo, muralismo mexicano, surrealismo e outras 13 escolas das artes plásticas.
Não se assuste com as dimensões da caixa da "Enciclopédia da Pintura Modernista Brasileira", três vezes maior que o CD-ROM que ela carrega.
Isso é prática comum, no Brasil e no exterior, visando um consumidor ainda pouco habituado ao tamanho reduzido do suporte eletrônico. Tudo para que o produto seja visto com mais facilidade nas prateleiras das livrarias.
A editora Próxima Mídia -que produziu a enciclopédia com apoio da Lei Rouanet de Incentivo à Cultura e do Banco Pactual- promete lançar mais um CD-ROM sobre pintores brasileiros ainda este ano. Dessa vez, só com artistas contemporâneos.



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