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Garnier faz seguidores ardorosos
ERIKA PALOMINO
Colunista da Folha
Se você estava esperando uma
ocasião especial para sair para
dançar, essa noite é amanhã.
Quem toca em São Paulo é o DJ
francês Laurent Garnier, 33, o
maior expoente da música eletrônica em seu país.
Dentro do circuito internacional,
Garnier leva o aposto "superstar".
Não por ser "estrela", ao contrário,
mas por transformar cada um dos
presentes em sua pista num seguidor ardoroso para o resto da vida.
Assim foi no Brasil, onde Garnier
tocou em 95, revolucionando a
mentalidade de DJs e clubbers ao
tocar diferentes gêneros musicais
numa noite só.
Por sua vez, Garnier tem ótimas
lembranças do Brasil. Depois de
seu set histórico no extinto after-hours Hell's Club, em São Paulo,
estava tão contente que levou um
grupo de 20 frequentadores para
tomar café da manhã.
O DJ fez até uma música com título em português, "Rachando o
Bico". "Passei ótimos momentos
no Brasil", ele relembra, em entrevista por telefone, de sua casa em
Paris. Confira a seguir os melhores
momentos da conversa.
Folha - Você está de volta quatro
anos depois de sua primeira vinda
ao Brasil. O que mudou desde então em sua música?
Laurent Garnier - Talvez o modo
como eu produzia. Em meu novo
trabalho, reuni um grupo, são 12
pessoas, entre instrumentistas e
engenheiros de som. Comecei a
turnê com eles em março do ano
passado; estou há um ano sem tocar como DJ. Terminei as apresentações no Réveillon em Londres,
onde tocamos com o New Order.
Entre setembro e outubro estou
trabalhando em meu novo álbum,
que tem house, electro, tecno.
Folha - Você vem com esses músicos ao Brasil?
Garnier - Não, infelizmente fica
muito caro, desta vez será apenas
uma turnê como DJ. É que como
ainda não temos um álbum lançado para divulgar, ainda não dá para fazer uma viagem promocional.
Folha - Soube que você tocou
drum'n'bass em seu set na última
sexta-feira em Londres.
Garnier - Eu sempre toco, sempre
que tenho tempo. Como fiz um set
de oito horas, deu para fazer. Abri
com deep house, toquei mais pesado depois e toquei drum'n'bass.
Folha - Você vai se apresentar
por cinco horas em São Paulo. Já
sabe o que vai tocar?
Garnier - Não. Trago discos suficientes para poder decidir na hora.
Uma festa tem a ver tanto com o DJ
quanto com as pessoas, com a luz,
com o som, com a a atmosfera do
lugar. Tem que chegar e ver.
Folha - Quando você veio a São
Paulo você tocou no Hell's Club...
Garnier - Eu nunca vou esquecer.
Foi maravilhoso. Se tem uma festa
que eu nunca esquecerei foi essa.
Foi incrível. Acho que eu era a pessoa certa, no lugar certo, tocando
para as pessoas certas.
Folha - Como está o cenário atual
do tecno?
Garnier - A música vai voltar a ficar mais musical. Hoje em dia o
tecno está muito minimalista e
frio, e eu não gosto muito disso.
Acho que a música vai voltar a ficar
mais melodiosa quanto antes,
quando os produtores de Chicago
e Detroit estavam no auge, quando
as músicas eram cheias de descidas
e subidas... O problema do tecno é
que a maioria dos produtores tem
18 e 19 anos, e eles cresceram ouvindo só tecno. Eu não, eu tenho 33
anos, eu cresci com funk, electro,
rock. Então é natural que eles façam coisas mais pesadas.
Folha - Você mudou a cabeça de
muita gente quando veio aqui em
95, misturando gêneros e estilos. O
que você acha da segmentação?
Garnier - Acho extremamente
chato. Fico entediado até a morte.
Eu realmente não gosto de DJs que
tocam somente um gênero. As pessoas têm mania de categorizar as
coisas, de colocar tudo em caixas.
Folha - O que você acha da música eletrônica brasileira? Você tem
discos de produtores brasileiros?
Garnier - Não, no momento não.
Mas eu espero realmente chegar aí
e pegar algumas coisas...
Folha - Gostaria que você comentasse o boom da música eletrônica
francesa.
Garnier - Bem, ela começou
quando a mídia começou a falar
dela, mas há muita bobagem no
meio. Não é música francesa, mas
house parisiense, cheia de disco,
"loops", filtrada. Mas eu realmente
toco house francesa, ou seja, produzida na França, que a maior parte das pessoas nem saberia que é
house francesa. São selos mais underground, menores, como o
Oxialle, o Ozone Records.
O quê: Laurent Garnier
Quando: amanhã, às 23h
Onde: av. Brigadeiro Luís Antônio, 1.137,
São Paulo, SP, tel. 011/571-9929
Quanto: R$ 20
Patrocinador: Ellus e On Speed
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