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LER, VER, OUVIR
Gravadoras selam acordos com empresas de telefonia para vender seus artistas em forma de toques e MP3
Celulares são novo porto seguro da indústria musical
DIEGO ASSIS
ENVIADO ESPECIAL A MIAMI
A indústria fonográfica enxerga
dois vilões responsáveis pela crise
por que passa: os fabricantes de
CDs piratas e (genericamente) os
adolescentes que trocam diariamente pela internet milhões e milhões de músicas sem o pagamento dos devidos direitos autorais.
Enquanto luta na Justiça para
punir os seus culpados, as chamadas "majors" parecem ter finalmente encontrado um porto seguro para a distribuição de seu
conteúdo: os telefones celulares.
Bastante popular no Japão e na
Coréia do Sul e recentemente incorporada aos mercados europeus, a tecnologia permite "baixar" faixas de artistas conhecidos
disponíveis nos sites das operadoras com as quais a indústria mantém parcerias e carregá-las, em
formato MP3, no telefone celular.
O assunto, que já havia sido debatido na feira internacional de
música Midem, realizada em janeiro deste ano, em Cannes, foi
também destaque na Miami Music Multimedia, conferência que
levou 8.000 profissionais da área
(artistas e empresas) à capital da
Flórida no último fim de semana.
"[A distribuição de música por
celular] é um mecanismo que
funciona. As gravadoras estão entusiasmadas para trabalhar nesse
novo espaço porque sabem que
serão pagas por esse conteúdo",
afirmou Peter Lurie, advogado da
Virgin Mobile USA, braço do grupo Virgin dedicado essencialmente à telefonia celular. Para ele,
"em cinco anos o celular substituirá o iPod [espécie de walkman
digital da Apple, que virou febre
na Europa e nos EUA]".
O principal motivo para que isso não aconteça, digamos, amanhã, é que, ao contrário do que já
ocorre hoje nos países da Ásia e
em alguns lugares da Europa, tanto as operadoras de telefonia da
América do Norte quanto as da
América do Sul não possuem infra-estrutura para distribuir grandes quantidades de dados em um
curto espaço de tempo.
A maior parte das "faixas" distribuídas hoje são na verdade os
"ringtones", toques de celular que
têm duração curta comparada a
uma música inteira. Além disso, a
memória disponível para armazenar músicas em um telefone celular é mínima (cerca de dez faixas,
no máximo), se comparada às milhares de músicas que podem ser
portadas em um iPod hoje.
"O que estamos fazendo é criar
novas formas para que as pessoas
ouçam um disco. Os "ringtones" já
são bem populares, mas é difícil
dizer que benefícios [financeiros]
isso vai trazer. Estamos falando
em centavos", ponderou David
Pakman, co-fundador da MyPlay.
Sony Music, Universal e Warner também anunciaram recentemente sua entrada no mercado de
música por celular, disponibilizando parte significativa de seu
catálogo para os usuários na forma de "ringtones" ou MP3.
Ainda que relativamente distantes do Brasil, as mudanças nesse cenário começam a reverberar
por aqui numa parceria mundial
da MTV com a Motorola. A idéia
é que o canal musical forneça conteúdo para seus aparelhos.
O DJ e radialista inglês Pete
Tong, da Radio 1/BBC, também
aposta no formato. Batizado de
"FastTrax", seu programa consiste em boletins sobre bandas e DJs
especificamente desenhados para
serem projetados no celular.
"Já começamos a desenvolver
técnicas de filmagens específicas
para esse fim. Já tenho encomendas para fazer um programa só de
surfe, um só de rock e até um de
cozinha. É uma grande oportunidade para se envolver. E ninguém
tinha pensado nisso ainda", concluiu Tong.
O jornalista Diego Assis viajou a Miami
a convite da Motorola
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