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CINEMA
Curtas "adultos" abordam sexo e violência
JOSÉ GERALDO COUTO
ARTICULISTA DA FOLHA
Sexo e violência marcam os
quatro filmes do programa
"Curta Proibido para Menores",
que o Espaço Unibanco de Cinema exibe até 26 de abril, com entrada franca, dentro do projeto
Curta Petrobras às Seis.
À parte essa proximidade temática, os quatro curtas não poderiam ser mais diferentes entre si.
"Sargento Garcia", de Tutti Gregianin, é um drama sobre um rito
de passagem (em mais de um sentido).
No Rio Grande do Sul, nos anos
60, um rapaz de 17 anos (Gedson
Castrol) apresenta-se ao serviço
militar e é surpreendido pelo modo como o sargento responsável
pelo alistamento (Marcos Breda)
o interpela.
Baseado em conto de Caio Fernando Abreu, é um delicado estudo da formação da identidade sexual. Só perde um pouco a mão
na caracterização de um travesti
demasiado caricato. Mas tem
uma das melhores frases finais
dos últimos tempos: "Amanhã
sem falta eu começo a fumar".
Os outros três curtas, cada um a
seu modo, deixam de lado toda
delicadeza. O desenho animado
"Almas em Chamas", de Arnaldo
Galvão, conta a história de uma
ninfomaníaca que se torna incendiária por amor a um bombeiro.
Tem um traço expressivo, um
cromatismo intenso e eficaz, e a
feliz idéia de usar fotos colorizadas para compor os ambientes,
principalmente os planos gerais
da cidade de São Paulo.
Tudo isso a serviço de um besteirol absolutamente colegial,
com as piadas mais óbvias e uma
figuração do sexo extraída dos
quadrinhos pornográficos de
Carlos Zéfiro. Diverte e passa.
"Os Filhos de Nelson", de Marcelo Santiago, é um drama de incesto declaradamente inspirado
no universo de perversão doméstica de Nelson Rodrigues.
Com produção caprichada (no
limite do publicitário) e atores
globais (Eduardo Moscovis, Camilla Amado), apropria-se dos
clichês e cacoetes do dramaturgo,
sem contudo captar-lhe a poesia.
Por fim, "Tropel", de Eduardo
Nunes, coloca em cena um açougueiro solitário (Duda Mamberti)
que entra em parafuso quando recebe o anúncio de casamento de
uma ninfeta do bairro (Ana Carolina Dias), sua paixão oculta.
Há uma ênfase no trinômio carne-sangue-sexo que beira a grosseria e a redundância -algo que é
parcialmente compensado pelo
desfecho ambíguo.
Eduardo Nunes, que já havia
feito o elogiado "Terral", mostra
mais uma vez um talento que se
esgota em si mesmo. Filma bem e
sabe criar atmosferas, mas deixa a
pretensão pesar demais sobre o
conjunto.
Curta Petrobras às Seis:
Proibido para Menores
Curtas: Sargento Garcia, Os Filhos de
Nelson, Almas em Chamas, Tropel
Onde: no Unibanco, às 18h, entrada
franca
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