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"A Hora Marcada" pretende ser thriller sobre decadência do país
DA REPORTAGEM LOCAL
Até chegar hoje às telas de São
Paulo, Rio e Brasília, o longa-metragem nacional "A Hora Marcada" arrastou-se no tempo.
A idéia de produzir uma ficção
"meio underground" sobre sua
"obsessão -os critérios ilógicos
da morte"- ocorreu ao diretor
Marcelo Taranto, 44, em 1994, na
sequência de anos de tentativas
frustradas de produzir outro longa, "A Árvore".
Esse último teria roteiro de Chico Azevedo, irmão de Taranto,
um ex-repórter cinematográfico
da TV Globo, e versa sobre assunto que o cineasta acha "complicado explicar". "É a respeito da existência, se a gente tem vontade
própria ou se alguém escreve nossos roteiros", arrisca-se.
"A Hora Marcada" ganhou forma como um "thriller psicológico", na definição de seu diretor, a
partir de 98, quando o projeto recebeu R$ 1 milhão em patrocínio,
aproximadamente metade do valor com que foi produzido. "Uma
coisa que vejo como problema no
cinema brasileiro é essa descontinuidade de financiamento", diz
Taranto, que rodou os cem minutos do filme em duas etapas
-uma em 98 e a final em 99.
O ator Gracindo Jr. interpreta
Mário Velasquez, um milionário
de poucos escrúpulos e muitas
mulheres. Ester Góes faz o papel
da titular, enquanto Cássia Kiss e
Beth Goulart desempenham algumas de suas eventuais.
Durante uma festa, como resultado de uma abordagem de conquista, Velasquez recebe, pela voz
de misteriosa dama, o vaticínio da
morte para dali a sete anos.
Transcorrido esse tempo exato,
o empresário é vítima de um sequestro, em que entram em cena
os atores Tonico Pereira, Fábio
Assunção e Shimon Nahmias, como integrantes da quadrilha.
A essa altura, Osmar Prado, nome que completa o elenco, já terá
sido apresentado ao espectador
como um submisso funcionário
do autoritário Velasquez.
E o filme faz um desvio de seu
retrato das "altas rodas" (recheado de mulheres que exibem longos e jóias e homens que apostam
em cavalos) em direção ao que o
diretor qualifica como "thriller
psicológico". Concretamente,
uma série de desentendimentos e
atos violentos entre o grupo sequestrador, forjada pelo conflito
das distintas motivações criminosas de cada um.
Taranto imagina ter construído,
com seu pequeno conto pincelado de realismo fantástico, além da
crônica cinematográfica de uma
morte anunciada, "o painel de um
país que está meio perdido, com
uma elite extremamente egoísta e
um outro lado muito violento".
Autor de três curtas e um "quase longa", o "doc-drama" "O Espiritismo - De Alan Kardec aos
Dias de Hoje", Taranto é responsável também por boa parte da
grandiloquente e indesviável música de "A Hora Marcada", que
tem ainda a assinatura de Paulo
Baiano.
"Vejo a música muito como elemento narrativo, e não de ilustração. Não posso negar que fui influenciado por cineastas como
Visconti, Bergman, Antonioni,
mas tenho um caminho próprio,
uma busca", diz.
A HORA MARCADA - Direção: Marcelo
Taranto. Produção: Brasil, 2001. Com:
Gracindo Jr., Cássia Kiss, Osmar Prado.
Quando: a partir de hoje nos cines Anália
Franco, Central Plaza, Jardim Sul,
Lumière e circuito.
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