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Hoffman estréia no papel principal
TETÉ RIBEIRO
ESPECIAL PARA A FOLHA, EM NOVA YORK
Você sabe muito bem quem é o
ator Philip Seymour Hoffman, 34,
mas talvez não ligue o nome à
pessoa. Só para dar uma idéia, ele
é o enfermeiro de "Magnólia", o
masturbador de "Felicidade", o
amigo afetado de "O Talentoso
Ripley", o aluno mimado de "Perfume de Mulher", o ator gay de
"Boogie Nights", o advogado
inescrupuloso de "O Grande Lebowski" e, mais recentemente, o
crítico de música Lester Bangs,
em "Quase Famosos".
Detalhe: ele diz que cinema é
um efeito colateral de seu trabalho, mais voltado para o teatro.
O ator tem essa característica de
desaparecer por trás dos personagens que interpreta, talento invejado por nove entre dez bonitinhos de Hollywood, sempre mais
lembrados pelo que vestem do
que pelos personagens.
Talvez exatamente por não ser
um bonitinho, só agora, depois de
tantos personagens memoráveis,
ganhou seu primeiro papel principal. Hoffman protagoniza "Deu
a Louca nos Astros", contribuição
mais recente de David Mamet para o cinema americano que tem
no elenco Sarah Jessica Parker,
Alec Baldwin e Rebecca Pigeon.
Na época do lançamento do filme nos EUA, Philip Seymour
Hoffman falou à Folha.
Folha - Este é seu primeiro papel
principal no cinema. Sentiu-se
mais pressionado?
Philip Seymour Hoffman -Não tive nenhum medo que nunca tivesse tido -são sempre os mesmos, de estar péssimo, de nunca
mais conseguir trabalhar na vida
etc. Estudo muito, preparo com
muito cuidado cada personagem.
Penso nele o tempo todo, invento
um passado, uma família.
Folha - Como é Mamet?
Hoffman -Ele tem um jeito doce
e tranquilo de dirigir, as cenas são
como conversas informais sendo
gravadas, ainda que as situações
sejam, muitas vezes, surreais. É
um trabalho com um resultado
enlouquecido e um processo muito normal, suave.
Folha - Antes de "Deu a Louca" e
"Quase Famosos", você interpretou um travesti em "Flawless - Ninguém É Perfeito", ao lado de Robert de Niro. Como foi?
Hoffman - Maravilhoso. É o trabalho de que tenho mais orgulho.
O processo foi muito teatral, eu e
De Niro ensaiávamos o nosso texto do começo ao fim, em ordem.
Precisei de muito ensaio por causa do trabalho de voz e corpo.
Folha - Seu trabalho aparece
mais em filmes, mas você tem carreira consistente no teatro...
Hoffman - Aliás, faço muito mais
teatro. No começo de 2000, fiz por
seis meses "True West", de Sam
Shepard, na Broadway. Assim
que saiu de cartaz, montei e dirigi
"Jesus Hopped the "A" Train". E
estou ensaiando "A Gaivota", de
Tchecov, que deve estrear no segundo semestre.
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