São Paulo, sexta-feira, 11 de maio de 2001

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Hoffman estréia no papel principal

TETÉ RIBEIRO
ESPECIAL PARA A FOLHA, EM NOVA YORK

Você sabe muito bem quem é o ator Philip Seymour Hoffman, 34, mas talvez não ligue o nome à pessoa. Só para dar uma idéia, ele é o enfermeiro de "Magnólia", o masturbador de "Felicidade", o amigo afetado de "O Talentoso Ripley", o aluno mimado de "Perfume de Mulher", o ator gay de "Boogie Nights", o advogado inescrupuloso de "O Grande Lebowski" e, mais recentemente, o crítico de música Lester Bangs, em "Quase Famosos".
Detalhe: ele diz que cinema é um efeito colateral de seu trabalho, mais voltado para o teatro.
O ator tem essa característica de desaparecer por trás dos personagens que interpreta, talento invejado por nove entre dez bonitinhos de Hollywood, sempre mais lembrados pelo que vestem do que pelos personagens.
Talvez exatamente por não ser um bonitinho, só agora, depois de tantos personagens memoráveis, ganhou seu primeiro papel principal. Hoffman protagoniza "Deu a Louca nos Astros", contribuição mais recente de David Mamet para o cinema americano que tem no elenco Sarah Jessica Parker, Alec Baldwin e Rebecca Pigeon.
Na época do lançamento do filme nos EUA, Philip Seymour Hoffman falou à Folha.

Folha - Este é seu primeiro papel principal no cinema. Sentiu-se mais pressionado?
Philip Seymour Hoffman -
Não tive nenhum medo que nunca tivesse tido -são sempre os mesmos, de estar péssimo, de nunca mais conseguir trabalhar na vida etc. Estudo muito, preparo com muito cuidado cada personagem. Penso nele o tempo todo, invento um passado, uma família.

Folha - Como é Mamet?
Hoffman -
Ele tem um jeito doce e tranquilo de dirigir, as cenas são como conversas informais sendo gravadas, ainda que as situações sejam, muitas vezes, surreais. É um trabalho com um resultado enlouquecido e um processo muito normal, suave.

Folha - Antes de "Deu a Louca" e "Quase Famosos", você interpretou um travesti em "Flawless - Ninguém É Perfeito", ao lado de Robert de Niro. Como foi?
Hoffman -
Maravilhoso. É o trabalho de que tenho mais orgulho. O processo foi muito teatral, eu e De Niro ensaiávamos o nosso texto do começo ao fim, em ordem. Precisei de muito ensaio por causa do trabalho de voz e corpo.

Folha - Seu trabalho aparece mais em filmes, mas você tem carreira consistente no teatro...
Hoffman -
Aliás, faço muito mais teatro. No começo de 2000, fiz por seis meses "True West", de Sam Shepard, na Broadway. Assim que saiu de cartaz, montei e dirigi "Jesus Hopped the "A" Train". E estou ensaiando "A Gaivota", de Tchecov, que deve estrear no segundo semestre.


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