São Paulo, sexta-feira, 11 de maio de 2001

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Livro é impassível frente ao absurdo

DA REPORTAGEM LOCAL

"PanAmérica" acompanha um narrador insensível frente a uma sucessão alucinante de absurdos a que é submetido.
Neste livro tudo é grande. Há multidões, imensos cenários e aviões. O narrador, que diz "eu" centenas de vezes, começa dirigindo uma superprodução sobre a Bíblia. Interage com estrelas, transa com Marylin Monroe, vê -impassível- morrerem figurantes, transforma soldados em eunucos e assim por diante.
Encontra Che Guevara, guerrilheiros venezuelanos, topa com Joe Di Maggio, De Gaulle -toda uma constelação de estrelas de cinema e políticos célebres. No fim, um verdadeiro caos, onde ganha papel a Estátua da Liberdade e até um fantástico peixe cósmico.
Em "PanAmérica", a mitologia do cinema encontra os cenários do imperialismo, da Guerra Fria, das guerrilhas de esquerda. História e ficção misturam-se numa narrativa fantástica e ao mesmo tempo modorrenta, sem clímax.
O livro é de 1967, ano em que nasceram "Sargent Peppers", dos Beatles, "Terra em Transe", de Glauber Rocha, e a montagem de José Celso Martinez Corrêa para "O Rei da Vela". "Agrippino foi extremamente influente em meu trabalho. Visto hoje, "PanAmérica" é um livro que não é "anos 60". É contemporâneo, contém um delírio que não caberia em nenhum filme americano, é um épico global", disse à Folha o diretor teatral. (SC)

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