São Paulo, quinta-feira, 11 de maio de 2006

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TELEVISÃO

Globo revê o roubo da Jules Rimet

MARCELO BARTOLOMEI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DO RIO

Um dos episódios de maior comoção pública dos anos 80, o roubo da taça Jules Rimet, prêmio pelo tricampeonato brasileiro na Copa de 1970, foi reconstituído para o programa "Linha Direta Justiça", que será exibido às vésperas do início do Mundial da Alemanha, marcado para o próximo dia 9.
As gravações terminaram na semana passada. "A idéia surgiu pela ocasião. Desconheço se houve algum outro programa na TV sobre o tema. Talvez essa mesma história não tivesse força se contada longe do período da Copa; não sei dizer", comenta o diretor-geral da atração, Milton Abirached.
Para o programa, que vai ao ar no dia 1º de junho, por volta das 23h, foram escalados atores, construída uma réplica da Jules Rimet e eleitos como cenários do episódio algumas ruas do centro e de bairros cariocas, além de estúdios e cidades cenográficas da Central Globo de Produção, o Projac.

Réplica no cofre
A taça pesava 4 kg -sendo 1,8 kg de ouro puro- e tinha 30 cm de altura, incluindo uma base de mármore para seu apoio. Ficou em posse da CBF (Confederação Brasileira de Futebol), envolta num vidro blindado, porém emoldurada por madeira, o que facilitou o roubo. Dentro de um cofre, em vez da original, ficava a réplica do troféu.
O "Linha Direta Justiça" mostrará desde o planejamento do crime até sua execução. As pesquisas para reconstruir a história foram feitas com policiais, investigadores e com base no processo e em arquivos de notícias.
O programa também trará depoimentos de ex-jogadores como Pelé, Rivelino e Gérson, que falam sobre o significado do roubo da taça para o país, na mistura de jornalismo e dramaturgia típica do programa.

Julgamento
O roubo foi julgado em 1988, mas os envolvidos ficaram pouco tempo na prisão. O argentino Juan Carlos Hernandez, que teria sido o responsável pelo derretimento da taça, nunca foi preso pelo crime, mas sim por tráfico de drogas. Outro participante, José Luís Vieira, o Bigode, foi preso em 1995 e passou três anos na cadeia, mas ganhou liberdade condicional e, atualmente, vive no Rio.
Segundo Abirached, a produção tentou falar com os envolvidos no roubo da taça ainda vivos, mas eles se negaram a conversar sobre o assunto. "Não há certezas, não se sabe ao certo quem fez o quê na história. Todos foram trapalhões: os ladrões, a polícia e a Justiça", comenta o diretor-geral.
Para o diretor Márcio Trigo, o episódio será marcado pelo tom irônico. "A gente quer mostrar a trapalhada do caso e o quão afetivo foi o roubo da taça para o país. A partir dele, mudou a política e o nível de segurança da Fifa."


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