São Paulo, terça-feira, 11 de junho de 2002

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O 'Big Bang' do pop


Editora inglesa dá início a projeto de catalogação das 15 mil obras do artista Andy Warhol


CASSIANO ELEK MACHADO
DA REPORTAGEM LOCAL

Quando algo explode em desenhos animados ou em histórias em quadrinhos, logo aparece um "bum", um "bang", um "pow". Por mais caprichadas que tenham sido, porém, nenhuma dessas onomatopéias fez tanto barulho na história quanto um "pop" detonado há redondos 40 anos.
A linguagem lembrava as HQs, mas o estouro não saiu de revistinhas nem da TV. O endereço do "big bang" era uma galeria em Los Angeles onde um filho de imigrantes pobres da Tchecoslováquia exibia pela primeira vez suas pinturas de latas de sopa. Como que saído do vácuo, estalava nas artes Andy Warhol (1928-1987).
A arte pop não deixou de se expandir desde então. Mas nunca seu papa foi tão "pop" quanto agora -e em "pop" leia-se não apenas popular, mas importante.
Coincidindo com os 15 anos da morte de Warhol, o projeto de catalogação das 15 mil obras feitas pelo homem que previa que no futuro todos teriam 15 minutos de fama está chegando às vitrines de Londres, Paris e Nova York.
O primeiro volume do catálogo "raisonné" de Warhol, que reúne todas as obras feitas entre 61 e 63, está sendo lançado pela prestigiosa editora inglesa Phaidon. Para dar a medida do rigor do trabalho, começado há quase 20 anos, o sexto e último volume das "obras completas" do artista de Pittsburgh só deve sair daqui a 12 anos.
O tomo inicial, com 512 páginas, custa, no exterior, a bagatela de R$ 660. Por trás do valor, está uma equipe de 12 pessoas em Nova York e seis em Zurique trabalhando sob a coordenação de dois curadores. A missão da trupe é classificar, fotografar, analisar a técnica, medir, verificar a que coleções já pertenceu e onde já foi exposto cada um dos 15 mil Warhols.
Tudo isso pode ser visto no primeiro volume, que escarafuncha cada uma das 546 obras feitas por Warhol no período de três anos nos quais ele cavou as fundações e assentou as estacas de seu universo. Basta dizer que no triênio ele fez a maior parte de seus emblemas: sopas Campbell, Marylins, Coca-Colas, Elvis Presleys.
Imagens como essas ornaram as paredes dos museus mais importantes do mundo. Após uma série de retrospectivas em todos os países da antiga Cortina de Ferro, Warhol foi tema de megaexposições no Pompidou, de Paris, e na Tate Modern, em Londres, até abril. Agora uma megaexposição chega ao Museu de Arte Contemporânea de Los Angeles. O "big bang" volta para sua origem.



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