São Paulo, terça-feira, 11 de junho de 2002 |
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O raio-x de Warhol
DA REPORTAGEM LOCAL Ainda neste mês começa a circular nos EUA um selo postal com a cara de Andy Warhol e a frase do próprio: "Se você quiser saber tudo sobre Andy Warhol, simplesmente olhe para a superfície das minhas pinturas e filmes e para mim e aí estou. Não há nada por trás disso". Selos postais, na América dos bilhões de e-mails, continuam a ser grande honraria, e um exemplo é a qualidade da frase escolhida para essa estampa. Pelo menos essa é a opinião do homem que está coordenando a operação de colocar Andrew Warhola, como o artista veio ao mundo, dentro de uma grande máquina de raios-X. O historiador e crítico de arte suíço Georg Frei, coordenador do catálogo "raisonné" warholiano há 11 anos, diz que as duas grandes revoluções propostas pelo artista são visíveis nas cascas de sua arte: um universo visual totalmente norte-americano e repetitivo, como a cultura de massa que eles ajudaram a cristalizar. Em entrevista à Folha, Frei diz que acha que o "norte-americanismo" de Warhol é tamanho que o artista se valorizou depois de 11 de setembro. No final do ano passado, a gravura "Little Eletric Chair" (Pequena Cadeira Elétrica) atingiu o preço recorde para o artista: US$ 2,3 milhões em um leilão em Londres. Uma obra da mesma série podia ser comprada facilmente por US$ 1.500 nos anos 60. "Não tenho visto tanto interesse pela obra de Warhol desde sua morte, em 1987", disse recentemente em entrevista para a revista "Art News" Thomas Sokolowski, diretor do Warhol Museum, em Pittsburgh. "Isso se explica porque Warhol é o primeiro artista a fazer uma antropologia completa do universo americano. E os americanos estão se dando conta disso", diz Frei. Leia a seguir outros trechos da entrevista. (CASSIANO ELEK MACHADO) Folha - Na introdução do catálogo, o sr. classifica o trabalho de
Warhol como "absolutamente
axiomático para nossa cultura e
nosso tempo". No que o sr. sustenta essa afirmação? Folha - Quais foram, na opinião
do sr., as grandes revoluções propostas por Warhol? Folha - Warhol era organizado
para documentar seu trabalho?
Frei - Ele não era nada organizado.
Guardava tudo, do recibo do táxi
até convites de festas, e colecionava tudo no que chamava de cápsulas de tempo, que eram datadas
ano a ano. Existem mais de 600
cápsulas dessas em Pittsburgh. Folha - Warhol dizia que seu sonho era ser uma máquina e produzir mais trabalhos do que Picasso.
Como os srs. fizeram para saber dos
trabalhos de Warhol o que havia sido realmente feito por essa "máquina" e o que eram falsificações? |
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