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CINEMA
Estado trabalha na elaboração de projeto que deverá estabelecer maiores porcentagens de descontos em imposto para produções
Ceará estuda criação de nova lei de incentivo
PATRICIA DECIA
enviada especial a Fortaleza
O Governo do Ceará está estudando a criação de uma nova lei
estadual de incentivo fiscal específica para o cinema.
Segundo o secretário de Estado
da Cultura, Paulo Linhares, já foi
formada a comissão que trabalha
na fase inicial do projeto.
Segundo ele, a nova lei deverá estabelecer privilégios com maiores
porcentagens de desconto em imposto para produções que utilizarem efetivamente mão-de-obra,
equipamentos, locações e recursos
do Estado. "Queremos empregar
mais gente daqui", afirmou.
A medida, que ainda está em fase
de discussão, é parte do investimento que vem ocorrendo no Ceará para consolidar no local um pólo cinematográfico. A política de
criação de uma indústria do audiovisual é vista como prioridade
do governo e tem por objetivo a
geração de empregos e renda por
meio de trabalho direto e turismo.
Parte dessa estratégia é a criação
do Centro Cultural Dragão do
Mar, com inauguração prevista
para o final deste ano, composto
por dois museus, anfiteatro, planetário, biblioteca e a sede do Instituto Dragão do Mar, que forma
profissionais da área audiovisual.
"A nossa estratégia é baseada no
tripé formação, incentivo à produção e difusão", afirmou Linhares.
Um dos pontos desse projeto é a
realização do festival Cine Ceará,
que está agora na 7ª edição. Até
quinta-feira, o festival exibe 37
produções em cinema e vídeo.
Em vigor desde 96, a lei estadual
-conhecida como Lei Jereissati-
oferece desconto de até 2% do
ICMS (Imposto sobre Circulação
de Mercadorias e Serviços).
Apesar de ter sido criada nos
moldes da Lei Rouanet (federal), a
legislação cearense traz duas diferenças básicas. A primeira é a proibição às empresas de usarem o incentivo para projetos próprios.
A segunda é que o empresário
pode escolher três maneiras de investir, com porcentagens diferentes de isenção. Quem optar por
descontar do imposto 100% do valor investido só terá seu nome vinculado ao projeto na menção aos
apoios culturais. Se a intenção da
empresa é fazer marketing cultural, a porcentagem cai para 75%, e
os outros 25% entram como contrapartida.
A terceira opção é mais parecida
com a Lei do Audiovisual, com a
empresa recebendo participação
nos lucros do projeto, mas, nesse
caso, abatendo apenas 50% do investimento no imposto.
"Por enquanto a iniciativa privada opta mais frequentemente
pelo primeiro modelo. Mas notamos um crescimento de interesse
pelo marketing cultural, pois as
empresas percebem que dá retorno", diz Linhares.
Neste ano, espera-se que 45%
dos recursos disponibilizados por
meio da renúncia fiscal sejam utilizados em projetos culturais. Desde
a criação da lei, cerca de 30 produções foram realizadas ou estão em
fase de andamento no Estado.
Outro ponto importante na estrutura montada no Estado é a
existência do Bureau de Cinema e
Vídeo, o único órgão latino-americano a fazer parte da Association
of Film Comissions, sediada em
Los Angeles.
A função do Bureau é basicamente oferecer apoio logístico às
produções que chegam ao Ceará,
começando por desconto em passagens aéreas até a ajuda na escolha de locações, passando pelas informações sobre clima etc.
"Nós também atuamos junto às
estatais. No caso de 'Bela Donna',
por ser um filme de época, era preciso retirar postes de eletricidade.
Isso demoraria muito tempo sem a
existência do Bureau", afirma Bete
Jaguaribe, diretora do órgão.
A jornalista Patricia Decia viajou a convite do
7º Cine Ceará
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