da enviada especial

Produtores e cineastas reunidos no 7º Cine Ceará enviaram anteontem uma carta aberta à distribuidora Playarte pedindo explicações sobre o cancelamento de um "acordo de cavalheiros" para a exibição de "O Homem Nu", de Hugo Carvana, em São Paulo.
Segundo Carvana, "O Homem Nu" seria exibido em cinco salas da Playarte em São Paulo, mas, três dias antes da estréia, a distribuidora decidiu que "O Homem Nu" ficaria apenas uma semana em cartaz, independentemente dos resultados de bilheteria.
Assim, a exibição na cidade se confinou a uma sala de menos de 200 lugares, no Espaço Unibanco de Cinema. "Quando existia o Concine, ainda havia uma certa fiscalização. Hoje, os acordos acontecem verbalmente, e o cinema brasileiro vira tapa-buraco, nós não temos a menor garantia", afirmou o diretor.
A carta, assinada pelo diretor de fotografia Jorge Monclar, pede que um representante da Playarte vá a Fortaleza até o final do festival, no dia 12, para expor os motivos do cancelamento.
"É preciso fiscalizar isso, sob pena de o cinema brasileiro ficar confinado em guetos. Se alguém vier, a gente poderia finalmente sentar com os exibidores e estabelecer uma metodologia", disse Carvana.
Outro lado
O vice-presidente da Playarte, Otelo Bettin Coltro, define o caso como um "mal-entendido".
Segundo ele, a Playarte ofereceu à Riofilme -distribuidora de "O Homem Nu"- uma série de salas em São Paulo. Como de praxe, o acordo foi verbal.
Dias depois, entretanto, segundo Coltro, a Playarte foi informada pela distribuidora que os produtores do filme haviam decidido exibir "O Homem Nu" apenas em uma sala do Espaço Unibanco.
Segundo o vice-presidente da Playarte, a decisão causou problemas, pois já havia um circuito reservado para o filme que teve que ser preenchido em cima da hora.
"Independente disso, queria deixar claro que em nenhum momento a Playarte não quis trabalhar o cinema nacional", afirma Coltro.