São Paulo, Sexta-feira, 11 de Junho de 1999
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

O FILME PROIBIDO DE GLAUBER

Mãe de cineasta pede ajuda do presidente
da Reportagem Local

free-lance para a Folha

A última campanha pela liberação de "Di" foi realizada em março pelo cineasta Francisco César Filho. Foi essa manifestação, via Internet, que inspirou o webmaster a colocar uma cópia pirateada em vídeo de "Di" na rede.
O professor de cinema da USP, Carlos Augusto Calil, 48, que articulou a defesa do filme nos anos 80, sugere que "Di" seja elevado ao status de patrimônio histórico e artístico. "Uma cinematografia como a brasileira, cujo acervo de obras-primas é limitado, não pode se dar ao luxo de ter um filme como esse interditado. Isso depõe contra a inteligência nacional", afirma Calil. A mãe de Glauber, Lúcia Rocha, 80, concorda: "O presidente podia assinar um decreto".
Técnicos e atores que fizeram em "Di" pensam do mesmo modo. "A proibição é injusta. O Brasil não viu e nós ganhamos Cannes com ele", lembra o ator Joel Barcellos, 62. "As pessoas estão proibidas de ter informação", diz o também ator Antônio Pitanga, 60.
O fotógrafo Mario Carneiro, 68, que comandou a câmera no velório e enterro, lembra que o filme ganhou em Cannes com indicação de Roberto Rosselini, grande amigo de Di Cavalcanti. "Se tivesse alguma coisa negativa, imagine se o Rosselini teria dado o prêmio?"
Já Nonato Estrela, 45, também fotógrafo do filme, levanta a hipótese de que talvez não tenha sido a obra a responsável pela interdição. "Acho que foi a atitude de Glauber, não o filme. Em certo momento, ele passou a comandar o velório como se fosse uma filmagem. Não se importou com ninguém."
Seja como for, "Di" agora pode ser visto -e julgado- por qualquer um que tiver um computador e uma linha telefônica em casa.


Texto Anterior: Saiba como assistir ao curta
Próximo Texto: Os 16 minutos de "Di"
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.