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O FILME PROIBIDO DE GLAUBER
Mãe de cineasta pede ajuda do presidente
da Reportagem Local
free-lance para a Folha
A última campanha pela liberação de "Di" foi realizada em março
pelo cineasta Francisco César Filho. Foi essa manifestação, via Internet, que inspirou o webmaster a
colocar uma cópia pirateada em
vídeo de "Di" na rede.
O professor de cinema da USP,
Carlos Augusto Calil, 48, que articulou a defesa do filme nos anos
80, sugere que "Di" seja elevado ao
status de patrimônio histórico e
artístico. "Uma cinematografia como a brasileira, cujo acervo de
obras-primas é limitado, não pode
se dar ao luxo de ter um filme como esse interditado. Isso depõe
contra a inteligência nacional",
afirma Calil. A mãe de Glauber,
Lúcia Rocha, 80, concorda: "O presidente podia assinar um decreto".
Técnicos e atores que fizeram em
"Di" pensam do mesmo modo. "A
proibição é injusta. O Brasil não
viu e nós ganhamos Cannes com
ele", lembra o ator Joel Barcellos,
62. "As pessoas estão proibidas de
ter informação", diz o também
ator Antônio Pitanga, 60.
O fotógrafo Mario Carneiro, 68,
que comandou a câmera no velório e enterro, lembra que o filme
ganhou em Cannes com indicação
de Roberto Rosselini, grande amigo de Di Cavalcanti. "Se tivesse alguma coisa negativa, imagine se o
Rosselini teria dado o prêmio?"
Já Nonato Estrela, 45, também
fotógrafo do filme, levanta a hipótese de que talvez não tenha sido a
obra a responsável pela interdição.
"Acho que foi a atitude de Glauber,
não o filme. Em certo momento,
ele passou a comandar o velório
como se fosse uma filmagem. Não
se importou com ninguém."
Seja como for, "Di" agora pode
ser visto -e julgado- por qualquer um que tiver um computador
e uma linha telefônica em casa.
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