São Paulo, Sexta-feira, 11 de Junho de 1999
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OS 16 MINUTOS DE "DI"

00min01 - O filme começa com uma panorâmica de carros estacionados perto do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, onde está sendo velado o corpo do pintor Di Cavalcanti. A trilha de fundo é "Floresta do Amazonas", de Heitor Villa-Lobos. A voz de Glauber Rocha, em off, narra: "Di Cavalcanti, o título do filme. "Jornal do Brasil", vinte e oito do dez de setenta e seis, primeiro caderno, página quinze: Filmagem causa espanto e irrita filha e amigos"

01min06 - Tomada em close dos pés de Di Cavalcanti no caixão cheio de pétalas de rosas. A câmera sobe. Vai mostrando seu corpo, mãos e rosto descoberto. Glauber diz, em off: "Um, dois, três, quatro, cinco, seis, sete, oito, nove, dez, onze e doze. Corta. Agora dá um close na cara dele". O diretor também mistura um texto de jornal a suas palavras, descrevendo-o nas filmagens: "Barba por fazer, calça de brim azul marinho, casaco azul claro, camisa esporte quadriculada, sapatos marrons, o cineasta Glauber Rocha está parado ao lado do caixão de Di Cavalcanti (...)"

01min45 - O ator Antônio Pitanga dança em frente às obras de Di, em uma galeria de Ipanema. Uma sucessão de cortes alterna imagens do velório e as pinturas de Di. Tomadas em plongée (levemente de cima para baixo), mostram as pessoas no velório. O som de fundo é um chorinho

03min05 - Dando um travelling no velório, o narrador/Glauber Rocha fala ao câmera para enquadrar o caixão no centro. O cineasta também narra o momento em que uma amiga de Elizabeth Di Cavalcanti pede para ele não filmar a cerimônia. Ele responde: "Não se preocupe. Esta é minha homenagem a um amigo que morreu". A trilha incidental de Villa-Lobos aumenta de volume

06min46 - Primeira aparição de Marina Montini, modelo de vários quadros do pintor, junto ao caixão. No áudio, Glauber recita uma breve biografia de Di Cavalcanti. A música é "O Teu Cabelo Não Nega", de Lamartine Babo

06min53 - O filme mostra um texto publicado em jornal que cita as filmagens de Glauber, comenta o pequeno número de pessoas e termina com a frase "(...) Agora, o pintor do Catete é só uma rua na Barra". Em seguida, a câmera segue à direita para recortes de jornais que versam sobre JK e João Goulart

08min05 - Primeira aparição de Glauber Rocha, folheando um livro sobre as obras de Di Cavalcanti. A partir daí, algumas imagens das obras de Di e do cineasta ainda mexendo com publicações sobre a obra do pintor

08min28 - Cineastas como Carlos Diegues e o próprio Glauber aparecem folheando livros, revistas, recortes e gravuras em frente a um espelho

08min46 - Mesclando imagens das obras de Di Cavalcanti com cenas dos diretores brincando, Glauber, em off, fala como conheceu Di, na Bahia, e quando o encontrou novamente, já em Paris, junto com Vinicius de Moraes.

09min30 - Volta ao velório, dando um close do rosto de Di coberto por um pano, junto à narração de Glauber falando sobre a importância do pintor para o Brasil

10min38 - O velório termina. A cena mostra o fechamento do caixão, com música de Paulinho da Viola em homenagem a Heitor Villa-Lobos: "Havia um certo respeito no velório do Heitor..."

11min10 - A câmera acompanha o ator Joel Barcellos, de capa, carregando o caixão em direção ao carro funerário. Glauber em off faz uma suposta fala do pintor já morto: "Di por Di, as vozes do túmulo. Sou um gênio, um velho, uma glória nacional. Não encham o meu saco". Corte para uma casa iluminada com neon

12min20 - Tomada da fachada do cemitério São João Baptista, com carros e pessoas à porta. O caixão é retirado do carro, com Joel Barcellos à vista. Uma narração em off fala de Di na Semana de Arte Moderna, na Bienal e suas influências artísticas. A música de fundo é de Jorge Ben

13min48 - Marina Montini reaparece, andando no cortejo, e é seguida pela câmera como se fosse a protagonista de um filme. Nos próximos 20 segundos, a câmera fica fixa mostrando a chegada do cortejo fúnebre.

14min10 - Glauber Rocha aparece, à esquerda da tela, de corpo inteiro, caminhando junto ao cortejo. Narração fala das intenções do artista: "Mostrar Brasil indígena, africano, moçarábico".

14min58 - Joel Barcellos olha para Marina Montini, enquanto é feita a missa.

15min05 - A câmera, por cima, mostra o caixão sendo descido sob chuva de pétalas.

15min36 - Surgem os créditos do filme escritos com caneta sobre reproduções das obras de Di Cavalcanti.

16min04 - A palavra "fim" aparece rabiscada enquanto Glauber, em off, fala sobre as predileções de Di para com as mulatas, à "sensualidade inerente à raça negra". O filme termina com uma voz em tom cavernoso: "Meu país"


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