São Paulo, quarta-feira, 11 de julho de 2001

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LITERATURA

Traduzido em 20 idiomas, poeta conquistou ontem o principal prêmio da língua portuguesa pelo conjunto da obra

Português Eugénio de Andrade leva Camões

DA REPORTAGEM LOCAL

O poeta português Eugénio de Andrade, 78, conquistou o Prêmio Camões 2001. O anúncio ocorreu ontem de manhã, em Lisboa. O valor é de US$ 50,7 mil.
Autor de livros como "As Palavras Interditas" (1951), "Obscuro Domínio" (1972), "Matéria Solar" (1980), "O Outro Nome da Terra" (1988) e "Pequeno Formato" (1997) -são mais de 30 títulos-, Andrade foi contemplado pelo conjunto de sua obra, conforme declarou o ministro da Cultura de Portugal, Augusto Santos Silva.
Foi a 13ª edição daquele que é considerado o mais importante prêmio da língua portuguesa, instituído em 1988 pelos governos do Brasil e de Portugal.
Eugénio de Andrade foi traduzido em 20 línguas. Também como tradutor, dedicou-se sobretudo às obras de Safo e Lorca.
Autor de uma poesia classificada como "solar", tem influência de Camilo Pessanha e Cesário Verde. Avesso ao convívio social, nunca compareceu às solenidades de entrega dos prêmios com os quais foi agraciado.
Só cede quando acometido pela "debilidade do coração, que é amizade", como afirmou em certa ocasião. Daí sua justificativa para ter ingressado na Academia Mallarmé, de Paris, por exemplo.
Em 1993, sua obra foi objeto de um colóquio internacional em Portugal, a pretexto dos 50 anos de sua estréia literária, com "Adolescente", que data de 1942.
Andrade é filho de camponeses. Sua mãe foi considerada a "figura tutelar e poética da sua vida". Como revela no verso "O quente de uma vida infantil muito perto da natureza mais elemental", a mãe desempenha papel central em toda a sua poesia.
Andrade junta-se à galeria de escritores de seu país, como José Saramago (1995) e Sophia de Mello Breyner (1999), que já receberam o prêmio.
A edição do ano passado foi conquistada pelo mineiro Autran Dourado, o quinto brasileiro a levar o Camões. Os anteriores foram João Cabral de Melo Neto (1990), Rachel de Queiroz (1993), Jorge Amado (1994) e Antonio Candido (1998).
O júri da edição de 2001 foi formado por três representantes de cada país, conforme regulamentação do prêmio.
De Portugal, participaram as acadêmicas Isabel Allegro de Magalhães e Maria Irene Ramalho dos Santos e o escritor José Manuel Mendes. Do Brasil, o embaixador Alberto da Costa e Silva, o acadêmico Dionísio Toledo e o escritor Carlos Heitor Cony.


Com agências internacionais


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