São Paulo, quarta-feira, 11 de julho de 2001

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DA RUA

Os paramédicos

FERNANDO BONASSI

Tiros, facadas, artérias rasgadas, ossos revirados... A enfermeira Marlene já trouxe muita gente da morte para saber que, naquela hora, a maioria se arrepende. Falam em luzes, paz de espírito e coisa e tal, mas, quando podem escolher, escolhem voltar. Ela sabe o quanto já negociou com o Diabo. Ele puxando as ocorrências pelas pernas e ela, pelos braços. Também já nadou em muito sangue e todos são vermelhos. Não tem corajoso que não se dobre. Não importa que Deus a pessoa tenha. Naquela ambulância, muito malandro abriu o bico e muita senhora de respeito "perdeu a vergonha". Com a morte ela não se preocupa, mas acha que ninguém gosta de ir para um lugar sem saber, mais ou menos, como "se divertem" por ali.


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