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ARTES CÊNICAS
Artista lança "Lunário Perpétuo" e estréia espetáculo em SP
Nóbrega refaz trajetória em disco, palco e mostra
VALMIR SANTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
Em "Na Pancada do Ganzá"
(96), CD e espetáculo que lhe recolocou nos trilhos musicais da
carreira, Antonio Nóbrega dizia
celebrar um Brasil com o qual
continuava sonhando.
"Lunático Perpétuo", quinto
projeto consecutivo em disco e
palco, com lançamento e temporada a partir de hoje, no Sesc
Pompéia, em São Paulo, persevera naquela motivação.
"Tenho me aproximado cada
vez mais daquilo que é o coração
da minha arte: a expressão do
músico, do cantor, instrumentista, dançarino, ator", afirma Nóbrega, 50.
O artista pernambucano faz em
"Lunático Perpétuo" um apanhado estético e filosófico da sua trajetória. O que o move, diz, é "a
procura por uma certa paisagem
sonora" fincada, por exemplo, na
maneira dos cantadores e aboiadores nordestinos.
Romanceiro, música instrumental (rabeca e violino) e cancioneiro compõem a base. Tudo
está envolto pelo conceito do almanaque de mesmo nome, "livrinho muito lido pelos nordestinos
nesses dois últimos séculos", fonte para as cantorias e alvo do folclorista Câmara Cascudo.
A publicação acopla fases da lua
ao ciclo da agricultura. Suas páginas são recheadas por estudos
medicinais. Mas o que afina Nóbrega com a miscelânea são os
textos dedicados aos assuntos de
mitologia.
Entre as 15 faixas, consta "Ponteio Acutilado", primeira música
da lavra de Nóbrega para o Quinteto Armorial, nos anos 70. "Abro
o espetáculo com este tema, inspirado em um toque que escutei da
Banda Cabaçal dos Irmãos Aniceto [do Crato, CE"."
Reverências são estendidas a
Ariano Suassuna, com trechos de
romances ou poemas musicados;
a João Guimarães Rosa, saudado
por meio dos personagens Riobaldo e Diadorim; e a Pixinguinha, com o clássico "Pagão".
Para Nóbrega, o choro e a capoeira constituem "tesouros" seminais da cultura popular brasileira de todo o sempre.
As raízes estão ainda na participação especial no espetáculo da
cantadeira potiguar Dona Militana (na primeira semana) e do rabequeiro cearense José Cego (na
segunda).
Realização do Sesc com o Instituto Brincante, o evento inclui exposições e palestras.
"Lunário Perpétuo" reafirma
parcerias dos últimos anos: da artista gráfica Moema Cavalcanti
aos músicos Zezinho Pitoco e Edmilson Capeluppi, passando pelos compositores Wilson Freire e
Bráulio Tavares, que brinca ser
"psicógrafo das idéias" de Nóbrega, sempre acompanhado da mulher Rosane e dos filhos Gabriel e
Maria Eugênia, também artistas.
LUNÁRIO PERPÉTUO - Lançamento do
CD e espetáculo, com Antonio Nóbrega e
banda. Onde: Sesc Pompéia (r. Clélia, 93,
tel. 0/xx/11/3871-7700). Quando: estréia
hoje, às 21h; qui. a sáb., às 21h; dom., às
18h. Quanto: R$ 20. Até 21/7. Exposição
de figurinos e cenários de Evelyne
Borges: ter. a sáb., das 9h às 20h; dom.,
das 9h às 17h. Aula-espetáculo com
Ariano Suassuna: dia 12/7, às 18h, R$ 5.
Palestras: "O Movimento Armorial", com
a pesquisadora Idelette Muzart (dia 13/7,
às 18h, R$ 5); "A Rabeca e o Violino", com
o lutiê Saulo Dantas-Barreto (dia 20/7, às
18h, R$ 5). Patrocinador: Philips
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