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Trapalhões do ROCK
Divulgação
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Integrantes do grupo Electric Six, que já se tornou um cult |
Fazendo um som sério, a banda Electric Six, de Detroit, explora o que pode haver de mais divertido na música
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LÚCIO RIBEIRO
COLUNISTA DA FOLHA
O rock no que o gênero tem
de mais divertido. Uma banda com um som sério para não ser
levada a... sério. Integrantes com
um quê de Didi, Dedé, Mussum e
Zacarias. Rock (bom) escrachado,
letras inspiradas e certidão de
nascimento lavrada em Detroit.
O pop forja o Electric Six, banda
americana com ar cult que se diz
disco-metal, atingiu os primeiros
lugares das paradas de música independente e tem seu primeiro
disco, "Fire", lançado no Brasil
agora pela Sum Records, quase simultâneo com o mercado europeu e americano.
Originado na Detroit do Eminem, do White Stripes, da Motown e do tecno, o Electric Six é
um quinteto, diferente do que o
nome sugere. A banda é formada
por (atenção aos nomes): Dick
Valentine, M, Surge Joebot, Disco
e Rock'n'Roll Indian. Quer dizer,
era. Dois meses depois de lançarem o álbum "Fire", o líder do
quinteto Six, Dick Valentine, uma
espécie de Bozo indie, demitiu todo mundo do grupo menos o baterista, M.
Já recomposto, o Electric Six,
então, agora tem a seguinte escalação (atenção para os nomes):
Dick Valentine, M, Johnny Na$hinal, The Colonel e Frank Lloyd
Bonaventure. Havia, sim, o sexto
Six, o tecladista Tait Nucleus, mas
esse ninguém sabe que fim levou.
Nem tão novo assim o Electric
Six é. A banda existe desde 1996,
mas até o meio do ano passado
era (pouco) conhecida por Wildbunch. Depois de uma briga na
Justiça, tiveram que mudar de nome. Com o batismo de Electric
Six, veio o sucesso.
A banda começou a ser bastante
falada quando, em outubro do
ano passado, fizeram seus primeiros shows em Londres, sempre lá.
Depois demorou só o tempo de
a excelente disco-metal -o rótulo é deles- "Danger! High Voltage" ser lançada em single, no começo de janeiro, para a banda literalmente explodir.
"Temos o compromisso pela total diversão. Temos a mais sexy
disciplina sonora que o dinheiro
pode comprar", disparava o guitarrista Surge Joebot nas primeiras entrevistas para explicar quem
era a banda com um hit instantâneo tão dançante e tão barulhento
ao mesmo tempo. E tão sexy: "Fogo na disco. Perigo, perigo. Alta
voltagem quando nos tocamos,
quando nos beijamos".
E tão misterioso. O que se comenta, e até hoje não está explicado, é se quem faz o backing vocals
na música, com voz afeminada, é
Jack White, o guitarrista e dono
do White Stripes.
"Danger! High Voltage" entrou
direto no segundo lugar da parada mainstream de singles na Inglaterra, desbancando o conterrâneo Eminem.
Grande performance no chart
inglês teve também o single seguinte, "Gay Bar", outro atrativo
do álbum "Fire" e que puxou uma
série de três videoclipes imperdíveis (leia texto ao lado).
"Gay Bar", um rock'n'roll básico afetado por guitarras de surf
music e vocais sacanas, entrou na
quinta colocação entre os mais
vendidos no começo do mês passado, no meio de blockbusters como Evanescence e R Kelly.
"Garota, eu quero levá-la a uma
boate gay. Vamos começar uma
guerra nuclear numa boate gay",
gritava Valentine nas rádios já em
abril, enquanto os EUA atiravam
bombas em Bagdá.
A data inicial do lançamento do
single era começo de abril, mas a
banda adiou dois meses para não
"ser associada à deprimente atitude americana" da Guerra do Golfo. Não teve jeito.
Há duas semanas o Electric Six
pôde provar sua popularidade no
festival pop Glastonbury, que
atestam ter arrastado 120 mil pessoas para a edição deste ano.
Relato do semanário britânico
"New Musical Express" fala que o
Electric Six obteve um dos maiores "singalong" (quando o público canta junto com a banda uma
canção famosa) da história do festival, com "Gay Bar". Isso mesmo
antes de eles tocarem a música. A
platéia berrava "Gay Bar" em um
uníssono impressionante a cada
intervalo de música da apresentação do Six.
Quando a banda realmente executou "Gay Bar", Glastonbury,
pelo menos nas imediações da
tenda onde estava o Electric Six,
virou a maior e mais animada pista de dança de tempos recentes.
Já sobre o resto do disco, "Fire",
que está sendo lançado no Brasil,
o resultado é irregular. Um punhado de canções rock'n'roll nem
ruins nem entusiasmantes, com
um jeitão de disco do Kiss, sem
demérito para nenhuma das duas
bandas envolvidas.
Mas, para um disco que contém
"Danger! High Voltage" e "Gay
Bar", para que mais?
Fire
Banda: Electric Six
Lançamento: Sum Records
Quanto: R$ 20 (em média)
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