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São Paulo, sexta-feira, 11 de julho de 2003

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Trapalhões do ROCK

Divulgação
Integrantes do grupo Electric Six, que já se tornou um cult



Fazendo um som sério, a banda Electric Six, de Detroit, explora o que pode haver de mais divertido na música


LÚCIO RIBEIRO
COLUNISTA DA FOLHA

O rock no que o gênero tem de mais divertido. Uma banda com um som sério para não ser levada a... sério. Integrantes com um quê de Didi, Dedé, Mussum e Zacarias. Rock (bom) escrachado, letras inspiradas e certidão de nascimento lavrada em Detroit.
O pop forja o Electric Six, banda americana com ar cult que se diz disco-metal, atingiu os primeiros lugares das paradas de música independente e tem seu primeiro disco, "Fire", lançado no Brasil agora pela Sum Records, quase simultâneo com o mercado europeu e americano.
Originado na Detroit do Eminem, do White Stripes, da Motown e do tecno, o Electric Six é um quinteto, diferente do que o nome sugere. A banda é formada por (atenção aos nomes): Dick Valentine, M, Surge Joebot, Disco e Rock'n'Roll Indian. Quer dizer, era. Dois meses depois de lançarem o álbum "Fire", o líder do quinteto Six, Dick Valentine, uma espécie de Bozo indie, demitiu todo mundo do grupo menos o baterista, M.
Já recomposto, o Electric Six, então, agora tem a seguinte escalação (atenção para os nomes): Dick Valentine, M, Johnny Na$hinal, The Colonel e Frank Lloyd Bonaventure. Havia, sim, o sexto Six, o tecladista Tait Nucleus, mas esse ninguém sabe que fim levou.
Nem tão novo assim o Electric Six é. A banda existe desde 1996, mas até o meio do ano passado era (pouco) conhecida por Wildbunch. Depois de uma briga na Justiça, tiveram que mudar de nome. Com o batismo de Electric Six, veio o sucesso.
A banda começou a ser bastante falada quando, em outubro do ano passado, fizeram seus primeiros shows em Londres, sempre lá.
Depois demorou só o tempo de a excelente disco-metal -o rótulo é deles- "Danger! High Voltage" ser lançada em single, no começo de janeiro, para a banda literalmente explodir.
"Temos o compromisso pela total diversão. Temos a mais sexy disciplina sonora que o dinheiro pode comprar", disparava o guitarrista Surge Joebot nas primeiras entrevistas para explicar quem era a banda com um hit instantâneo tão dançante e tão barulhento ao mesmo tempo. E tão sexy: "Fogo na disco. Perigo, perigo. Alta voltagem quando nos tocamos, quando nos beijamos".
E tão misterioso. O que se comenta, e até hoje não está explicado, é se quem faz o backing vocals na música, com voz afeminada, é Jack White, o guitarrista e dono do White Stripes.
"Danger! High Voltage" entrou direto no segundo lugar da parada mainstream de singles na Inglaterra, desbancando o conterrâneo Eminem.
Grande performance no chart inglês teve também o single seguinte, "Gay Bar", outro atrativo do álbum "Fire" e que puxou uma série de três videoclipes imperdíveis (leia texto ao lado).
"Gay Bar", um rock'n'roll básico afetado por guitarras de surf music e vocais sacanas, entrou na quinta colocação entre os mais vendidos no começo do mês passado, no meio de blockbusters como Evanescence e R Kelly.
"Garota, eu quero levá-la a uma boate gay. Vamos começar uma guerra nuclear numa boate gay", gritava Valentine nas rádios já em abril, enquanto os EUA atiravam bombas em Bagdá.
A data inicial do lançamento do single era começo de abril, mas a banda adiou dois meses para não "ser associada à deprimente atitude americana" da Guerra do Golfo. Não teve jeito.
Há duas semanas o Electric Six pôde provar sua popularidade no festival pop Glastonbury, que atestam ter arrastado 120 mil pessoas para a edição deste ano.
Relato do semanário britânico "New Musical Express" fala que o Electric Six obteve um dos maiores "singalong" (quando o público canta junto com a banda uma canção famosa) da história do festival, com "Gay Bar". Isso mesmo antes de eles tocarem a música. A platéia berrava "Gay Bar" em um uníssono impressionante a cada intervalo de música da apresentação do Six.
Quando a banda realmente executou "Gay Bar", Glastonbury, pelo menos nas imediações da tenda onde estava o Electric Six, virou a maior e mais animada pista de dança de tempos recentes.
Já sobre o resto do disco, "Fire", que está sendo lançado no Brasil, o resultado é irregular. Um punhado de canções rock'n'roll nem ruins nem entusiasmantes, com um jeitão de disco do Kiss, sem demérito para nenhuma das duas bandas envolvidas.
Mas, para um disco que contém "Danger! High Voltage" e "Gay Bar", para que mais?


Fire   
Banda: Electric Six
Lançamento: Sum Records
Quanto: R$ 20 (em média)



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