São Paulo, sexta, 11 de julho de 1997.



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CINEMA
"Todos os principais estúdios de Los Angeles estão dando suporte financeiro", diz o diretor-executivo do OutFest em entrevista à Folha
Gays ganham apoio de Hollywood em evento

do enviado especial a Los Angeles

Com o patrocínio inédito dos grandes estúdios de Hollywood, começa hoje, em noite de gala para 2.000 convidados, a 15ª edição do OutFest - Los Angeles Gay and Lesbian Film Festival. A festa no Los Angeles Theatre, após a exibição de "I Think I Do", de Brian Sloan, tem sido anunciada como o maior evento na história do maior teatro da cidade desde a inauguração em 1931.
O festival, criado em 1982 por estudantes de cinema homossexuais da UCLA, atinge este ano o status de grande evento na capital mundial do cinema e se destaca entre os 80 festivais que compõem o circuito mundial de cinema gay e lésbico ao obter apoio financeiro sem precedentes.
Até o dia 20 de julho serão exibidos cerca de 200 filmes e vídeos, selecionados entre mais de 500 inscritos. A participação dos estúdios Out on Screen, empresa que organiza o festival, se constitui em grande indicador para distribuidoras do circuito comercial e serve como aval fundamental à viabilidade dos 39 longa-metragens selecionados. Morgan Rumps, diretor-executivo do OutFest 97, em entrevista exclusiva à Folha, afirma que chegou a hora da produção gay conquistar o mercado com produtos de alta qualidade. (AF)

Folha - A preocupação em selecionar filmes comercialmente viáveis significa uma intenção de integrar gays e lésbicas ao grande mercado consumidor de cinema?
Morgan Rumps -
Estamos tentando construir uma imagem mais clara de gays e lésbicas por meio da produção cinematográfica e isso não significa simplesmente fazer filmes com homens se beijando. Ao realizar melhores filmes, vamos atingir um número cada vez maior de homo e heterossexuais que querem ir ao cinema para ver produções bem realizadas.
Em 1982, filmes como "Making Love" (fazendo amor, em inglês) eram tudo que tínhamos e hoje já conseguimos uma representatividade bem maior, com diferentes pontos-de-vista vindos de dentro da comunidade.
Estamos conseguindo reunir condições de sair do gueto e ir lá fora para conquistar o grande mercado.
Folha - A participação dos grandes estúdios partiu de iniciativas pessoais de executivos gays ou foi determinada pelo mercado ?
Rumps -
Todos os principais estúdios e produtoras de Hollywood estão dando suporte financeiro. Com isso, eles e toda a comunidade cinematográfica passam a ter maior liberdade para expressarem seus talentos.
O investimento das companhias produtoras, que também patrocinam o festival, implica abertura de um mercado que responde rapidamente com números crescentes nas bilheterias.
Folha - Essa mudança na indústria do cinema é apenas um fenômeno passageiro?
Rumps -
Há 15 anos, o próprio espectador gay tinha medo de ir ao cinema ver um filme de temática homossexual. Apoios para um evento como este era algo absolutamente impensável. Recentemente começamos a sentir uma mudança na mentalidade da sociedade com um fortalecimento muito rápido da comunidade gay. É bastante inspirador pensar que há apenas três anos começamos a ter algum tipo de apoio e já chegamos a esse ponto.




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