|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
CINEMA
"Todos os principais estúdios de Los Angeles estão dando suporte financeiro", diz o diretor-executivo do OutFest em entrevista à Folha
Gays ganham apoio de Hollywood em evento
do enviado especial a Los Angeles
Com o patrocínio inédito dos
grandes estúdios de Hollywood,
começa hoje, em noite de gala para
2.000 convidados, a 15ª edição do
OutFest - Los Angeles Gay and
Lesbian Film Festival. A festa no
Los Angeles Theatre, após a exibição de "I Think I Do", de Brian
Sloan, tem sido anunciada como o
maior evento na história do maior
teatro da cidade desde a inauguração em 1931.
O festival, criado em 1982 por estudantes de cinema homossexuais
da UCLA, atinge este ano o status
de grande evento na capital mundial do cinema e se destaca entre os
80 festivais que compõem o circuito mundial de cinema gay e lésbico
ao obter apoio financeiro sem precedentes.
Até o dia 20 de julho serão exibidos cerca de 200 filmes e vídeos,
selecionados entre mais de 500 inscritos. A participação dos estúdios
Out on Screen, empresa que organiza o festival, se constitui em
grande indicador para distribuidoras do circuito comercial e serve
como aval fundamental à viabilidade dos 39 longa-metragens selecionados. Morgan Rumps, diretor-executivo do OutFest 97, em
entrevista exclusiva à Folha, afirma que chegou a hora da produção
gay conquistar o mercado com
produtos de alta qualidade.
(AF)
Folha - A preocupação em selecionar filmes comercialmente viáveis significa uma intenção de integrar gays e lésbicas ao grande
mercado consumidor de cinema?
Morgan Rumps - Estamos tentando construir uma imagem mais
clara de gays e lésbicas por meio da
produção cinematográfica e isso
não significa simplesmente fazer
filmes com homens se beijando.
Ao realizar melhores filmes, vamos atingir um número cada vez
maior de homo e heterossexuais
que querem ir ao cinema para ver
produções bem realizadas.
Em 1982, filmes como "Making
Love" (fazendo amor, em inglês)
eram tudo que tínhamos e hoje já
conseguimos uma representatividade bem maior, com diferentes
pontos-de-vista vindos de dentro
da comunidade.
Estamos conseguindo reunir
condições de sair do gueto e ir lá
fora para conquistar o grande
mercado.
Folha - A participação dos grandes estúdios partiu de iniciativas
pessoais de executivos gays ou foi
determinada pelo mercado ?
Rumps - Todos os principais
estúdios e produtoras de Hollywood estão dando suporte financeiro. Com isso, eles e toda a comunidade cinematográfica passam a ter maior liberdade para expressarem seus talentos.
O investimento das companhias
produtoras, que também patrocinam o festival, implica abertura de
um mercado que responde rapidamente com números crescentes
nas bilheterias.
Folha - Essa mudança na indústria do cinema é apenas um fenômeno passageiro?
Rumps - Há 15 anos, o próprio
espectador gay tinha medo de ir ao
cinema ver um filme de temática
homossexual. Apoios para um
evento como este era algo absolutamente impensável. Recentemente começamos a sentir uma
mudança na mentalidade da sociedade com um fortalecimento muito rápido da comunidade gay. É
bastante inspirador pensar que há
apenas três anos começamos a ter
algum tipo de apoio e já chegamos
a esse ponto.
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
|