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MEMÓRIA
Instituto passa a guardar biblioteca do maior crítico teatral brasileiro, morto no início deste ano
IMS compra coleção Almeida Prado
CASSIANO ELEK MACHADO
DA REPORTAGEM LOCAL
A biblioteca do maior crítico
teatral brasileiro está de casa nova. O Instituto Moreira Salles
(IMS) anunciou esta semana a
compra da coleção de Décio de
Almeida Prado, morto em fevereiro deste ano.
Os cerca de 6.000 livros e demais
objetos guardados pelo autor de
"História Concisa do Teatro Brasileiro" (veja quadro ao lado) já
deixaram a casa em que ele morava, em uma tranquila rua no bairro do Pacaembu, em São Paulo.
A coleção só estará acessível para pesquisadores no começo do
próximo ano, em um prédio na
avenida Paulista para onde o instituto muda nos próximos meses.
Por enquanto, o acervo de Almeida Prado está dentro de caixas
em um prédio do Unibanco, o
mantenedor do IMS. Lá estão desde fotografias como a que a atriz
Cacilda Becker lhe enviou (que a
Folha publica com exclusividade)
até manuscritos que recebeu de
autores como Carlos Drummond
de Andrade e Manuel Bandeira
nos anos 50, quando editou o "Suplemento Literário" do jornal "O
Estado de S. Paulo".
Drummond e Bandeira, ao lado
de autores como Guimarães Rosa,
Lygia Fagundes Telles e o crítico
literário Antonio Candido, tinham destaque especial na coleção de Almeida Prado.
De acordo com Silvia de Almeida Prado Sampaio, filha do crítico, ele guardava primeiras edições desses e de um outro "seleto
grupo de amigos" em uma estante
próxima de seu quarto. Os demais
volumes eram divididos em dois
espaços. Cerca de 2.000 livros sobre teatro ficavam em um escritório onde o crítico trabalhava. Outros 4.000 títulos, de "assuntos
bem variados", ficavam em uma
biblioteca. "Era uma bagunça que
só ele entendia", diz Silvia.
Para organizá-la, o IMS fez convênio com o Instituto de Estudos
Brasileiros da USP, onde ficam arquivos como os de Mario de Andrade. "É o primeiro trabalho extramuros da universidade que a
equipe do IEB vai fazer", conta
Antonio Fernando De Franceschi,
diretor-superintendente do IMS.
Segundo ele, o instituto vai digitalizar boa parte da coleção de Almeida Prado para consultas pela
Internet, trabalho que está sendo
feito com os outros acervos em
posse do IMS, como os da poeta
Ana Cristina César e do jornalista
e escritor Otto Lara Resende.
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