|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
TEATRO
Eventos, como um festival no Lincoln Center em Nova York, homenageiam o dramaturgo, diretor, roteirista e ator
Harold Pinter ainda comemora 70 anos
SÉRGIO DÁVILA
DE NOVA YORK
Dramaturgo, diretor, roteirista
e, de quebra, ator e militante. Tantas e tão marcantes na cultura
contemporânea são as atividades
de Harold Pinter que seus 70 anos
estão sendo comemorados desde
os 69 e até 10 de outubro deste
ano, quando o inglês faz 71.
A cereja do bolo foi sem dúvida
o Festival Harold Pinter, encerrado na semana passada no prestigioso Lincoln Center, em Nova
York. Durante 20 dias, foram encenadas nove peças suas pelas
companhias Royal Court de Londres, Almeida e Gate de Dublin.
Entre elas estava desde "O
Quarto", de 1957, seu primeiro
texto, até a novíssima "Celebration", do ano passado, ambas dirigidas pelo próprio Pinter, a última em sua première norte-americana. Nos intervalos, atores como
Ian Holm, diretores como Robin
Lefreve e Michael Billington, do
jornal inglês "The Guardian" e
autor da biografia "The Life and
Work of Harold Pinter", discutiram sua influência.
Ainda foram exibidos dez filmes com roteiro escrito originalmente ou adaptado pelo próprio
dramaturgo de peças suas, incluindo duas colaborações com
Joseph Losey, os clássicos "Acidente Estranho" (1967), com Dirk
Bogarde, e "O Mensageiro"
(1971), vencedor da Palma de Ouro em Cannes.
No encerramento, no dia 27 último, o próprio Pinter discutiu
seu trabalho com o crítico Mel
Gussow, do "The New York Times", em frente a uma platéia de
quase 600 pessoas, numa cada vez
mais rara e concorrida aparição
pública. Entre outras declarações
polêmicas, defendeu a libertação
do ex-presidente Slobodan Milosevic, preso na Holanda.
Sobre os EUA, provocou: "Este
país não é uma democracia exemplar, diferentemente do que possam falar George W. Bush e Bill
Clinton. Há aqui 40 milhões de
pessoas vivendo na pobreza e 2
milhões de presos".
Mas falou também de teatro, é
claro. "Acredito que a função do
ator seja fazer o público parar de
tossir", disse. "O ritmo do que
ocorre no palco é ditado pela platéia." Agora, até outubro, Harold
Pinter continua a turnê de "Celebration" pela Europa e, em dezembro, fará a direção de sua peça
"No Man's Land" no Royal National Theatre de Londres.
Além de ver ciclos e retrospectivas pipocando por uma dezena de
países na Europa, mais Ásia e
América do Sul (Brasil excluído).
O país, porém, pode vê-lo como
tio Benny, o mentor-fantasma de
Geoffrey Rush em "O Alfaiate do
Panamá", de John Boorman (previsto para estrear este mês em SP).
Texto Anterior: Resenha da semana Próximo Texto: Análise: Como nenhum outro, autor consegue sacudir a platéia Índice
|