São Paulo, sábado, 11 de agosto de 2001

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TEATRO

Eventos, como um festival no Lincoln Center em Nova York, homenageiam o dramaturgo, diretor, roteirista e ator

Harold Pinter ainda comemora 70 anos

SÉRGIO DÁVILA
DE NOVA YORK

Dramaturgo, diretor, roteirista e, de quebra, ator e militante. Tantas e tão marcantes na cultura contemporânea são as atividades de Harold Pinter que seus 70 anos estão sendo comemorados desde os 69 e até 10 de outubro deste ano, quando o inglês faz 71.
A cereja do bolo foi sem dúvida o Festival Harold Pinter, encerrado na semana passada no prestigioso Lincoln Center, em Nova York. Durante 20 dias, foram encenadas nove peças suas pelas companhias Royal Court de Londres, Almeida e Gate de Dublin.
Entre elas estava desde "O Quarto", de 1957, seu primeiro texto, até a novíssima "Celebration", do ano passado, ambas dirigidas pelo próprio Pinter, a última em sua première norte-americana. Nos intervalos, atores como Ian Holm, diretores como Robin Lefreve e Michael Billington, do jornal inglês "The Guardian" e autor da biografia "The Life and Work of Harold Pinter", discutiram sua influência.
Ainda foram exibidos dez filmes com roteiro escrito originalmente ou adaptado pelo próprio dramaturgo de peças suas, incluindo duas colaborações com Joseph Losey, os clássicos "Acidente Estranho" (1967), com Dirk Bogarde, e "O Mensageiro" (1971), vencedor da Palma de Ouro em Cannes.
No encerramento, no dia 27 último, o próprio Pinter discutiu seu trabalho com o crítico Mel Gussow, do "The New York Times", em frente a uma platéia de quase 600 pessoas, numa cada vez mais rara e concorrida aparição pública. Entre outras declarações polêmicas, defendeu a libertação do ex-presidente Slobodan Milosevic, preso na Holanda.
Sobre os EUA, provocou: "Este país não é uma democracia exemplar, diferentemente do que possam falar George W. Bush e Bill Clinton. Há aqui 40 milhões de pessoas vivendo na pobreza e 2 milhões de presos".
Mas falou também de teatro, é claro. "Acredito que a função do ator seja fazer o público parar de tossir", disse. "O ritmo do que ocorre no palco é ditado pela platéia." Agora, até outubro, Harold Pinter continua a turnê de "Celebration" pela Europa e, em dezembro, fará a direção de sua peça "No Man's Land" no Royal National Theatre de Londres.
Além de ver ciclos e retrospectivas pipocando por uma dezena de países na Europa, mais Ásia e América do Sul (Brasil excluído). O país, porém, pode vê-lo como tio Benny, o mentor-fantasma de Geoffrey Rush em "O Alfaiate do Panamá", de John Boorman (previsto para estrear este mês em SP).



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