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São Paulo, segunda-feira, 11 de agosto de 2003

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CINEMA

Diretor americano visita cidades do país à procura de material para novo filme

Coppola busca inspiração no Brasil

DIMITRI DO VALLE
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CURITIBA

Em novo filme, sem data de início de filmagens, o diretor norte-americano Francis Ford Coppola, 64, quer uma cidade em que engarrafamentos, poluição e violência sejam assuntos do passado.
Um lugar assim, no roteiro de um longa, só pode existir no futuro. Ruas, edifícios e habitantes de "Megalópolis" (o nome da produção) já estão ganhando forma na cabeça do diretor, que veio ao Brasil buscar inspiração.
Para tornar o projeto mais realista sem recorrer à ficção científica, Coppola iniciou há cerca de uma semana uma viagem por cidades brasileiras para conhecer projetos urbanos. Está pesquisando soluções que facilitam a vida dos cidadãos e que possam se encaixar no roteiro que vem escrevendo. A cidade é utópica. Para o diretor, ela precisa reunir quatro elementos: criatividade, celebração, aprendizado e ensino.
O cineasta começou a jornada por Curitiba, mas vai passar também por Foz do Iguaçu, Belém, Recife e Salvador.
A capital do Paraná pode se enquadrar no que ele pretende transferir para a tela. Na cidade, ele passeou de ônibus, cujas linhas centrais podem ajudar a acertar o horário de relógios, conheceu as estações de passageiros de aparência futurista e caminhou por parques e pelo calçadão da rua 15 de Novembro, equipado com câmeras de vigilância.
Coppola soube de Curitiba ainda nos EUA. Ao chegar à cidade, teve uma reunião com o ex-governador Jaime Lerner, arquiteto e responsável pela criação de muitos dos projetos que elevaram Curitiba à condição de excelência urbana no país. O cineasta chegou a elogiar a limpeza da cidade.
As pessoas foram descritas como "hospitaleiras" e "calmas". Num restaurante na avenida Batel, um dos pontos mais requintados da capital, o cineasta foi à cozinha e preparou uma pizza para ele e alguns convidados.
Na Universidade Tuiuti, deu palestra para alunos de cinema. Coppola está voltando a filmar após seis anos. Seu último filme foi "O Homem que Fazia Chover" ("The Rainmaker"), de 97.
Segundo a coordenadora do curso, Denise Araujo, Coppola disse ter apostado na produção de vinhos para conquistar sua segurança financeira. Ninguém melhor do que ele para falar no assunto, após investir em projetos bem caros nos anos 80. Ele tem vinhedos em Nappa Valley, região no norte da Califórnia, de onde sai a matéria-prima para os vinhos que levam o nome da família.
"Megalópolis", segundo ele, é um projeto acalentado há dez anos. Em paz com as finanças, o diretor disse na palestra que já era hora de retornar às telas e ver a obra concretizada. Ao responder perguntas dos alunos, o cineasta lembrou que nem sempre foi assim. Confessou só ter aceitado filmar a segunda parte de "O Poderoso Chefão" (74) por causa de problemas financeiros. Acabou ganhando o Oscar de melhor diretor, prêmio que ele disse ter certeza de que conquistaria na primeira sequência. "Apocalypse Now" (79) foi "um filme caro e difícil", que ficou pronto após quatro anos de produção, mas que, segundo Coppola, acabou lhe dando um "ótimo retorno".
Sobre o cinema brasileiro, o diretor disse aos alunos conhecer pouco, por causa da falta de divulgação e distribuição nos EUA. O último a que assistiu foi "Central do Brasil" (98). Coppola disse, por meio de sua assessoria, que quer aproveitar o tempo em Curitiba para colher subsídios que poderão ser transportados para o roteiro de "Megalópolis". Ainda segundo sua assessoria, ele embarcaria para Foz do Iguaçu hoje.



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