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São Paulo, segunda-feira, 11 de agosto de 2003

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ESPECIAL

Múltiplo Milton Gonçalves brilha na TV

JOSÉ GERALDO COUTO
COLUNISTA DA FOLHA

No passado, houve Grande Otelo (1915-93). No presente, uma série de rostos novos: Lázaro Ramos, Ailton Graça, Leandro Firmino da Hora etc.
Entre um e outros, praticamente só dois grandes atores negros tiveram a oportunidade de brilhar com regularidade nas telas brasileiras: Antonio Pitanga e Milton Gonçalves.
Este último, que está completando 70 anos, é homenageado até o final do mês pelo Canal Brasil. Além de um "Retrato Brasileiro" (quarta-feira e sábado próximos), a emissora programou alguns dos mais de 30 filmes estrelados pelo ator.
Dois dos longas-metragens programados, separados entre si por duas décadas, já bastariam para mostrar a extrema versatilidade de Milton Gonçalves.
Em "Macunaíma" (69), de Joaquim Pedro de Andrade, ele demonstra todo o seu domínio do registro cômico na pele de Jiguê, um dos irmãos do "herói sem nenhum caráter".De quebra, o próprio Macunaíma, na primeira metade do filme, é interpretado por Grande Otelo, numa de suas atuações mais marcantes. Um dueto memorável.
Já em "Natal da Portela" (88), de Paulo Cézar Saraceni, Gonçalves dá tonalidades ao mesmo tempo épicas e sombrias ao controvertido banqueiro do bicho que sustentava a escola de samba Portela, além de aparecer como benfeitor da comunidade.
O filme fala de um tipo de contravenção que hoje soa quase romântica, diante da eficiente truculência do narcotráfico.
Curiosamente, em "O Homem Nu" (97), de Hugo Carvana, Gonçalves volta a aparecer ligado ao samba, só que na pele de um velho compositor boa-praça. E em "Orfeu" (98), de Cacá Diegues, interpreta o pai evangélico do trágico músico do título.
Pena que ficaram de fora alguns títulos cruciais, como "O Anjo Nasceu" (Júlio Bressane, 69), "Eles Não Usam Black-Tie" (Leon Hirszman, 81) e "Carandiru" (Hector Babenco, 03). Mas o ciclo programado é um belo aperitivo.


FESTIVAL MILTON GONÇALVES. Onde: Canal Brasil; "Retratos Brasileiros" (qua., 10h30, e sáb., 12h30); 17/8 ("Natal da Portela", às 21h, e "O Bravo Guerreiro", às 22h50); 24/8 ("Orfeu", às 21h, "O Rei do Rio", às 23h); 31/8 ("O Homem Nu", às 21h, "Macunaíma", às 22h30).


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