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ESPECIAL
Múltiplo Milton Gonçalves brilha na TV
JOSÉ GERALDO COUTO
COLUNISTA DA FOLHA
No passado, houve Grande
Otelo (1915-93). No presente, uma série de rostos novos: Lázaro Ramos, Ailton Graça, Leandro Firmino da Hora etc.
Entre um e outros, praticamente só dois grandes atores negros
tiveram a oportunidade de brilhar
com regularidade nas telas brasileiras: Antonio Pitanga e Milton
Gonçalves.
Este último, que está completando 70 anos, é homenageado
até o final do mês pelo Canal Brasil. Além de um "Retrato Brasileiro" (quarta-feira e sábado próximos), a emissora programou alguns dos mais de 30 filmes estrelados pelo ator.
Dois dos longas-metragens programados, separados entre si por
duas décadas, já bastariam para
mostrar a extrema versatilidade
de Milton Gonçalves.
Em "Macunaíma" (69), de Joaquim Pedro de Andrade, ele demonstra todo o seu domínio do
registro cômico na pele de Jiguê,
um dos irmãos do "herói sem nenhum caráter".De quebra, o próprio Macunaíma, na primeira
metade do filme, é interpretado
por Grande Otelo, numa de suas
atuações mais marcantes. Um
dueto memorável.
Já em "Natal da Portela" (88), de
Paulo Cézar Saraceni, Gonçalves
dá tonalidades ao mesmo tempo
épicas e sombrias ao controvertido banqueiro do bicho que sustentava a escola de samba Portela,
além de aparecer como benfeitor
da comunidade.
O filme fala de um tipo de contravenção que hoje soa quase romântica, diante da eficiente truculência do narcotráfico.
Curiosamente, em "O Homem
Nu" (97), de Hugo Carvana, Gonçalves volta a aparecer ligado ao
samba, só que na pele de um velho compositor boa-praça. E em
"Orfeu" (98), de Cacá Diegues, interpreta o pai evangélico do trágico músico do título.
Pena que ficaram de fora alguns
títulos cruciais, como "O Anjo
Nasceu" (Júlio Bressane, 69),
"Eles Não Usam Black-Tie" (Leon
Hirszman, 81) e "Carandiru"
(Hector Babenco, 03). Mas o ciclo
programado é um belo aperitivo.
FESTIVAL MILTON GONÇALVES. Onde:
Canal Brasil; "Retratos Brasileiros" (qua.,
10h30, e sáb., 12h30); 17/8 ("Natal da
Portela", às 21h, e "O Bravo Guerreiro", às
22h50); 24/8 ("Orfeu", às 21h, "O Rei do
Rio", às 23h); 31/8 ("O Homem Nu", às
21h, "Macunaíma", às 22h30).
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