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São Paulo, segunda-feira, 11 de agosto de 2003

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"THE VERY BEST OF THE STONE ROSES"

Disco conta a amarga história dos criadores do britpop

COLUNISTA DA FOLHA

Se a história pop tivesse transcorrido seu curso normal no começo dos anos 90, talvez o lançamento do CD "The Very Best of the Stone Roses" estivesse ocupando um lugar muito mais nobre desta edição da Ilustrada, ainda que fosse apenas mais uma coletânea dedicada à notória banda de Manchester.
Paralelo básico, quando os Roses começaram a explodir na Inglaterra, na virada dos 80 para os 90, o barulho era maior do que foi quando o Oasis surgiu, alguns anos depois. Mas uma desgastante pendenga judicial com a gravadora Silverstone interrompeu a carreira do grupo às vésperas do lançamento do segundo disco, o da consagração, abortado pouco antes de sair, em 1991.
O final da história é que a banda, os Beatles da geração Ecstasy, ficou na geladeira até o final de 1994, tamanho era seu potencial, a ganância de gravadoras e a infeliz inabilidade da banda. Quando o segundo álbum saiu, a Inglaterra era outra, o mundo era outro, a música era outra. E o segundo disco era simplesmente um bom álbum; a banda, mortal como qualquer outra. Assim, entraram para a história "apenas" como a banda que inventou o britpop, que aproximou o indie rock da cultura clubber e fez Manchester virar a capital musical do planeta.
Esta coletânea se alimenta do mito da banda que virou gigante e farol de uma cena apenas com um disco, mas que deixou o gosto amargo de que poderia ter sido muito maior. Sua edição é caprichada: o encarte traz texto com a história, algumas fotos famosas, depoimentos e as letras de seus hinos, que são reconhecíveis a cada música de Oasis e Radiohead.
É um disco de imenso prazer para quem acompanhou o "verão do amor" do início dos 90 ("Madchester", as calças largas, os indies saindo do quarto para sacudir em clubes) e o desdobramento dessa cena no britpop, mas nada do que tem no CD já não saiu antes.
É mais útil para os novos fãs do pop inglês, que se matam de dançar quando toca "Fool's Gold" na pista e depois vão perguntar ao DJ que música era aquela. Cortesia da genialidade preguiçosa do vocalista Ian Brown e do potencial do guitarrista John Squire, o Johnny Marr (The Smiths) da virada dos 80 para os 90, "The Very Best" tem "She Bangs the Drums", "I Wanna Be Adored", "Elephant Stone", entre outras.
A maioria das 15 canções que compõem o CD traz material do homônimo primeiro álbum. Tem ainda músicas só lançadas em single e algumas do segundo disco, "Second Coming". De novo, esta coletânea não tem grandes novidades, tirando o desenho da capa, pintura feita pelo guitarrista John Squire. Se é mesmo que o britpop está acabando, ainda assim este CD dificilmente deixará de oferecer elementos da nova onda que está por vir no pop inglês.
(LÚCIO RIBEIRO)


The Very Best of the Stone Roses
    
Artista: The Stone Roses
Lançamento: BMG
Quanto: R$ 35, em média



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